PROPOSTA PARA UMA DECISÄO DO CONSELHO QUE ADOPTA O PRIMEIRO PROGRAMA ESTRATÉGICO EUROPEU DE INVESTIGAÇÄO E DESENVOLVIMENTO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÄO E S P R I T

Oito em cada dez computadores pessoais vendidos na Europa säo importados dos EUA; nove em cada dez gravadores de vídeo vendidos na Europa vêm do Japäo.

Os fabricantes de circuitos integrados com sede na Europa fornecem 30% do seu mercado interno e representam 13% da produçäo mundial, metade da qual é fabricada nos EUA por filiais de empresas europeias. Os grandes fabricantes europeus de computadores centrais, sem excepçäo, firmaram acordos com empresas näo-europeias a fim de beneficiarem do seu avanço tecnológico.

No domínio do processamento electrónico de dados, da automatizaçäo de escritórios e de fábricas, do controlo dos processos e das telecomunicaçöes1, a lista dos sectores em que a Europa se debate para recuperar do seu atraso é extensa quando comparada com o número limitado de nichos nos quais está a actuar razoavelmente bem.

A partir do período de reconstruçäo do pós-guerra, a Europa tem ficado para trás na aplicaçäo industrial de muitas tecnologias de 1 Säo estes os sectores genericamente abrangidos pelo termo "Tecnologias da Informaçäo". ponta, nomeadamente a electrónica.

Em virtude da crescente influência, directa ou indirecta, da electrónica em praticamente todos os aspectos da vida industrial no mundo ocidental, aquilo que no passado era apenas dependência tecnológica num número reduzido de áreas especializadas ameaça agora tornar-se pura e simplesmente dependência industrial e económica.

Nestas condiçöes, a identidade da Europa e a sua independência política estäo seriamente em jogo.

Numa altura em que, por um lado, os Estados Unidos e o Japäo estäo a tomar novas iniciativas e a aumentar os seus investimentos2 a fim de melhorarem a sua supremacia tecnológica, industrial e comercial e, por outro lado, as economias 2 Por exemplo, o governo japonês está a investir 500 milhöes de dólares no programa de computadores da quinta geraçäo; nos EUA, os maiores fabricantes de computadores e semi-condutores estäo a organizar-se para levarem a cabo programas conjuntos de I&D em empresas associadas como a Semiconductor Research Cooperative (SRC) e a Computer Aided Manufacturing International (CAMI). Estas acçöes estäo a ser favorecidas pela Economic Recovery Tax Act da administraçäo dos Estados Unidos, assinada pelo Presidente Reagan em Agosto de 1981, que inclui isençöes fiscais para a I&D, prazos de depreciaçäo acelerada e outros incentivos que se espera venham a estimular um investimento adicional de 3 biliöes de dólares em I&D empresarial nos próximos cinco anos. emergentes, na åsia e nas Américas, estäo a tomar conta de um número sempre crescente de actividades manufactureiras tradicionais, a Europa näo pode permitir-se permanecer como observadora.

Os efeitos da revoluçäo electrónica actualmente em curso afectaräo directamente a estrutura social e económica da Europa, independentemente de esta ter nela um papel activo ou passivo.

As mudanças oferecem novas possibilidades, mas conduzem a alteraçöes nem sempre isentas de problemas: apenas aqueles que conseguem controlar os factores determinantes das mudanças podem esperar minimizar os problemas.

A Europa terá assim de assumir um papel positivo para ser senhora do seu futuro.

Situando-se na frente de combate, a indústria tem, desde há algum tempo, consciência deste facto e tem tentado, frequentemente com o apoio dos respectivos governos, remediar a situaçäo.

No entanto, as medidas até agora tomadas näo têm sido suficientes para inverter a tendência e, de um modo geral, apenas conseguiram retardar o processo de deterioraçäo. A situaçäo ameaça agora piorar dramaticamente: a nossa balança de pagamentos em produtos e serviços de TI, ainda positiva em 1975, sofreu um défice substancial de 5 biliöes de dólares americanos em 1981, montante que se crê ter duplicado em 1982.

Representantes das maiores empresas europeias em actividade no campo das Tecnologias da Informaçäo tomaram a iniciativa de abordar a Comissäo com o objectivo de tentarem encontrar uma soluçäo à altura do problema.

No início de 1983, escreveram uma carta conjunta ao Vice-Presidente Davignon, descrevendo a situaçäo como se segue:

"Os números referentes à posiçäo da indústria europeia no mercado, que mostram que ela representa apenas 10% do mercado mundial e menos de 40% do seu próprio mercado interno, säo francamente desanimadores. Näo só a situaçäo é em si mesma muito preocupante, como ainda a fraca representaçäo no mercado significa que o volume de vendas e de lucros é insuficiente para fornecer o investimento essencial requerido para a salvaguarda do futuro. Pior ainda: tudo indica que a situaçäo se está a agravar, em vez de melhorar. A situaçäo näo é nova, antes tem vindo a desenvolver-se ao longo de vários anos, tendo sido feitas muitas tentativas para inverter a tendência. Nelas se incluem coisas como aquisiçäo de tecnologia estrangeira e a formaçäo de empresas associadas com firmas japonesas e americanas. Contudo, ainda que estas medidas possam trazer alguns benefícios a curto prazo às partes envolvidas, näo se pode considerar que dêem uma resposta de longo prazo.

De qualquer modo, a sua contribuiçäo para a economia europeia como um todo tem sido fraca; em alguns casos, os efeitos podem ter sido negativos. Alguns dos países, reconhecendo os perigos, instituíram (ou estäo em vias de instituir) os seus próprios programas nacionais - até à data o seu impacto näo foi grande, mas está a aumentar. A situaçäo chegou no entanto a um estado tal que é improvável que mesmo programas da dimensäo dos que estäo agora a ser considerados em alguns dos maiores Estados Membros possam resolver, por si sós, o problema na Europa".

Confrontadas com tal situaçäo, as empresas encaram a uniäo de esforços a nível comunitário como elemento fundamental de qualquer acçäo terapêutica: "A näo ser que seja posto em execuçäo um programa industrial cooperativo suficientemente amplo, a maior parte da indústria actual das TI, se näo toda ela, poderá vir a desaparecer dentro de poucos anos".

A Comissäo partilha deste ponto de vista e formulou uma proposta para o lançamento de um programa concreto de acçäo.

Um programa a longo prazo de I&D a nível pré-competitivo, suficientemente a montante da fase de desenvolvimento do produto, pareceria um domínio ajustado para tal acçäo cooperativa e que poderia ser imediatamente iniciado. Outras medidas teriam obviamente de ser tomadas para complementar este esforço e assegurar as melhores condiçöes para a exploraçäo industrial oportuna e eficaz dos resultados da I&D na Comunidade. O objectivo de tais acçöes complementares incluiria o estímulo à criaçäo de mercados de ponta suficientemente amplos, o encorajamento de investimentos, a promoçäo do estabelecimento de infra-estruturas e serviços adequados, por exemplo nas telecomunicaçöes.

Esta questäo será objecto de análise mais desenvolvida e poderá conduzir a novas propostas.

Foi acordado com a indústria e os Estados Membros que o objectivo estratégico da presente acçäo fosse: "alcançar, num prazo de dez anos, paridade tecnológica, se näo mesmo superioridade, relativamente aos concorrentes mundiais".

Consultas junto da indústria e das universidades permitiram à Comissäo identificar os objectivos técnicos, definir os métodos de execuçäo do programa e estimar os recursos necessários.

Os recursos financeiros que, segundo as estimativas, teriam de ser mobilizados para uma primeira fase de cinco anos rondam os 1500 MECUS, 50% dos quais, isto é, 750 MECUS teriam de provir da Comunidade.

Para apoiar o desenvolvimento das tecnologias de que irá depender a maior parte da economia europeia de transformaçäo de alto valor acrescentado, a intervençäo comunitária proposta pode parecer quase irrisória, perante as despesas globais com investigaçäo e desenvolvimento da indústria do sector na Europa, que ronda 5 biliöes de dólares por ano, e o facto de as maiores empresas americanas em actividade neste domínio investirem individualmente por ano cerca de 2 biliöes de dólares.

No entanto, se a intervençäo comunitária se centrar na promoçäo de trabalho de ponta, e se for adoptada uma atitude cuidadosamente selectiva, a Comissäo pensa que ela servirá para estimular a reflexäo estratégica, o acréscimo da auto-confiança e os esforços conjuntos necessários para dotar a indústria europeia de tecnologias da informaçäo de uma base de regeneraçäo.

Consequentemente, a Comissäo propöe agora o arranque da primeira fase de cinco anos do programa de dez anos de I&D designado por ESPRIT: o Programa Estratégico Europeu para Investigaçäo e Desenvolvimento nas Tecnologias da Informaçäo.

O programa inclui a coordenaçäo de actividades de I&D em TI nos Estados Membros, e uma contribuiçäo financeira directa para projectos cooperativos de I&D a executar no interior da Comunidade.

Com este objectivo, a Comissäo apresenta um projecto de decisäo do Conselho, especificando a duraçäo, o carácter e as modalidades principais de execuçäo do programa.

Um anexo técnico ao projecto de decisäo indica os domínios tecnológicos específicos que seräo objecto do programa.

Juntam-se estes documentos, incluindo a exposiçäo de motivos.

O apêndice, que é apresentado em volume separado, expöe mais pormenorizadamente os antecedentes e as opçöes tecnológicas propostas.

Pede-se ao Conselho que aprove a acçäo proposta e as necessárias dotaçöes orçamentais.

EXPOSIÇÄO DE MOTIVOS OBJECTIVO DA PRESENTE COMUNICAÇÄO

1. Em 1982, foram enviadas ao Conselho1 três Comunicaçöes que: a) analisavam a importância das Tecnologias da Informaçäo (TI) e apresentavam o ESPRIT; b) delineavam o conceito de uma fase-piloto para o ESPRIT e forneciam as linhas principais para um programa global; c) forneciam uma base para uma Decisäo sobre 16 projectos-piloto.

2. A 21 de Dezembro de 1982 foi adoptada pelo Conselho a decisäo de financiar a fase-piloto até um nível de 11,5 MECUs, o que representa 50% dos custos do primeiro ano. 1 a) COM 287: para um programa estratégico europeu de Investigaçäo e Desenvolvimento em Tecnologias da Informaçäo. b) COM 486: estabelece as bases para um programa estratégico europeu de Investigaçäo e Desenvolvimento em Tecnologia da Informaçäo: a fase-piloto. c) COM 737: proposta para uma Decisäo do Conselho sobre uma fase preparatória para um programa comunitário de Investigaçäo e Desenvolvimento no campo das Tecnologias da Informaçäo.

3. O objectivo do presente documento é fornecer a base para uma Decisäo do Conselho sobre a totalidade do programa ESPRIT. Este é concebido como um elemento essencial da estratégia industrial da Comunidade, tal como é descrita nos documentos COM (81) 6392 e COM (82) 3653, e está de acordo com a estratégia científica e técnica global proposta pela Comissäo na sua Comunicaçäo sobre um programa-quadro4

DADOS DE BASE

4. O avanço tecnológico representa um elemento essencial do desenvolvimento, particularmente para aqueles países que, como os nossos, se apoiam de modo essencial numa economia de transformaçäo e dependem de fontes externas para a maior parte das suas matérias primas e energia.

5. As novas tecnologias da informaçäo (TI) seräo uma das fontes dominantes do avanço tecnológico durante o resto do século. Elas contêm em si a promessa de fornecerem a resposta a muitos problemas prementes de hoje; criaräo novos produtos, processos e serviços e, consequentemente, novas oportunidades de exportaçäo e emprego. 2 COM (81) 639: Uma estratégia comunitária para desenvolver a indústria. 3 COM (82) 365: Comunicaçäo à Comissäo sobre o problema do investimento. 4 COM (82) 865: Proposta para uma estratégia científica e técnica europeia - Programa-Quadro 1984/1987.

A INDÛSTRIA DAS TI

6. As TI säo já uma indústria importante por direito próprio, comparável em dimensäo5 e valor acrescentado às indústrias do automóvel e do aço. Enquanto sector de produçäo, a indústria das TI tem sido uma das indústrias de mais rápido crescimento em todo o mundo na última década, uma década que tem assistido a uma recessäo generalizada nos outros sectores. Espera-se que tal crescimento se mantenha à volta dos 8% - 10% até 1990, data em que, com um movimento global de cerca de 500 biliöes de dólares (a preços de 1980), as TI seräo um dos maiores sectores de produçäo do mundo.

7. As actividades ligadas à informaçäo6 estäo a tornar-se o mais importante sector de emprego. O Departamento de Estatística dos Estados Unidos calculou que em 1980 quase 50% de mäo-de-obra civil empregada se situava na "Informaçäo", e os números europeus säo semelhantes. Por si só, o sector de produçäo das TI emprega 5% do total da mäo-de-obra da Comunidade, isto é, cerca de 5 milhöes de pessoas.

8. Toda a economia é significativamente afectada no seu 5 237 biliöes de dólares no total das vendas mundiais em 1980. 6 Incluem-se aqui actividades como as emissöes de TV e a imprensa que, embora näo englobadas no termo "tecnologias da informaçäo", delas dependem largamente. funcionamento pelas TI, ainda que nem sempre directamente: ao todo, perto de dois terços do PNB comunitário säo de um modo ou de outro influenciados pelas TI. Sectores menos imediatamente influenciados, como a agricultura, podem também beneficiar largamente das TI, por exemplo, da observaçäo por satélite seguida de análise computacional dos dados com vista ao controlo da produçäo agrícola e à computaçäo das condiçöes ideais para as culturas. Até ao final do século, näo haverá qualquer aspecto significativo da economia que näo seja afectado pelas TI.

9. As telecomunicaçöes, a automatizaçäo de escritórios e a automatizaçäo das fábricas desempenham um papel-chave, uma vez que fornecem infra-estruturas cruciais para toda a economia.

A ACTUAÇÄO DA COMUNIDADE

10. A Comunidade näo tem conseguido acompanhar os desenvolvimentos verificados nos últimos dez anos. A indústria sediada na Comunidade näo cobre sequer metade do seu mercado interno, que hoje representa 34% do mercado mundial. Em 1975, a Comunidade ainda tinha um excedente comercial em produtos de TI. Em 1980, o défice comercial tinha atingido 5 biliöes de dólares e, segundo certas fontes, o limiar dos 10 biliöes de dólares foi ultrapassado em 1982.

11. O problema do défice comercial é agravado pelo facto de as importaçöes comunitárias consistirem basicamente em produtos de tecnologia de ponta - tais como unidades de processamento central e memórias de computador - provenientes dos Estados Unidos e do Japäo, enquanto as suas exportaçöes consistem em produtos mais clássicos, de tecnologias mais antigas, que fizeram a sua força no passado, mas que actualmente apenas têm interesse como mercado de substituiçäo e para os países menos desenvolvidos.

MEDIDAS

12. Para melhorar esta situaçäo, a trave-mestra de uma política de reforço da indústria comunitária a médio e longo prazo deve consistir num esforço acrescido em investigaçäo e desenvolvimento. As companhias europeias, nalguns casos estimuladas e acompanhadas por acçöes governamentais, aceitaram o desafio lançado por esta problemática e pela força crescente revelada pelas firmas norte-americanas e japonesas. Há, no entanto, factos que mostram que a dimensäo dos recursos consagrados por países da Comunidade à I&D é demasiado pequena para ser eficaz individualmente, e muitas vezes näo está adequadamente orientada para a inovaçäo internacionalmente competitiva.

13. Na sua análise das deficiências do potencial de investigaçäo da Europa7, a Comissäo detectou, entre outras coisas: insuficiente investigaçäo multi-disciplinar; grandes lacunas na continuidade da investigaçäo no que respeita, por um lado, às universidades que consideram o trabalho demasiado 7 COM (82) 865: Proposta para um Programa-Quadro Europeu de Estratégia Científica e Técnica 1984/1987. orientado para a aplicaçäo e, por outro lado, à indústria que o considera demasiado básico; um desajustamento entre a "oferta" científica (laboratórios de investigaçäo) e a procura científica e técnica (em particular, a proveniente da indústria). Um programa de trabalho a longo prazo em I&D, suficientemente ambicioso e "conduzido pela indústria", envolvendo universidades e utilizadores permitirá preencher essas lacunas.

14. A iniciativa principal para um programa de tal envergadura partiu da indústria. Enfrentando a enorme concorrência do Japäo e dos EUA, a indústria comunitária reconheceu que, a fim de inverter a tendência para uma dependência crescente da importaçäo de tecnologia, só um planeamento estratégico conjunto e a longo prazo de investigaçäo e a concentraçäo de recursos através da definiçäo e do financiamento de objectivos tecnológicos de interesse comum a nível comunitário teräo hipóteses de recuperar a situaçäo, gradualmente mas de forma duradoura, do seguinte modo: a) assegurando que os grupos de investigaçäo atinjam a "massa crítica" requerida para obter resultados; b) permitindo a optimizaçäo de recursos, de que resultará a reduçäo das duplicaçöes e o alargamento do espectro da investigaçäo empreendida; c) reduzindo o efeito de retardamento provocado pela dependência de tecnologia importada; d) preparando o caminho para a definiçäo e adopçäo de normas de origem europeia.

15. Uma acçäo de I&D deste tipo pode, além disso, ser iniciada imediatamente e fornecerá nova tecnologia vital para a competitividade. Por outro lado, visto que ela se situa a nível pré-competitivo, a indústria pode colaborar sem que isso comprometa a sua capacidade de lutar por mercados.

OBJECTIVOS DO ESPRIT E DOMïNIOS DE I&D

16. Amplas consultas, baseadas nos conceitos acima referidos e realizadas ao longo de mais de um ano junto das principais companhias de TI, PME's, universidades e Governos dos Estados Membros, tiveram como resultado a formulaçäo de um longo programa pioneiro de I&D denominado ESPRIT (as iniciais inglesas de Programa Estratégico Europeu de Investigaçäo e Desenvolvimento em Tecnologias da Informaçäo). O objectivo será equipar a indústria europeia de TI com a base tecnológica de que precisará para se tornar e se manter competitiva a nível mundial no decurso dos próximos dez anos.

17. O principal critério utilizado na definiçäo do trabalho de I&D tinha de ser altamente selectivo a fim de permitir que o programa incidisse nos factores tecnológicos principais. Isto era necessário porque as TI exigem tanto em I&D, e a tecnologia torna-se täo rapidamente obsoleta, que é simplesmente impossível tentar cobrir a totalidade do espectro, dados os recursos humanos e financeiros relativamente exíguos que podem ser mobilizados sem pôr em risco as actividades mais prementes de desenvolvimento de produtos no curto prazo, que säo essenciais para manter a actual presença industrial e de mercado.

18. A orientaçäo específica do programa é funçäo de duas conclusöes extraídas das tendências actuais no desenvolvimento das TI: uma é que cada vez mais pessoas teräo de aprender a usar esta tecnologia; a outra é que os produtos da tecnologia teräo de tornar-se mais fáceis de usar e mais bem integrados no padräo global das nossas vidas quotidianas.

19. Este último objectivo só pode ser alcançado através de progressos substanciais no equipamento (componentes) e na tecnologia do suporte lógico e na arquitectura de sistemas (a combinaçäo do equipamento e do suporte lógico em sistemas). É esta a razäo por que o ESPRIT dá particular ênfase a estas três tecnologias que säo a chave para qualquer aplicaçäo. Além disso, as áreas em que as TI väo ter um maior impacto na vida social e económica teräo de ser objecto de intensa actividade de investigaçäo e de bancos de ensaio tecnológico. O escritório e a fábrica säo as duas8 áreas propostas, 8 Tal como é referido no parágrafo 9, as telecomunicaçöes säo igualmente fundamentais para o desenvolvimento e aplicaçäo da Tecnologia da Informaçäo. Os domínios da I&D propostos para o ESPRIT devem cobrir e efectivamente cobrem todas as suas principais necessidades tecnológicas. Contudo, a natureza e organizaçäo dos serviços de telecomunicaçöes fazem deles um caso particular de aplicaçäo que requer uma análise separada. O assunto está presentemente a ser objecto de atençäo e a escolhidas com base no seu potencial de crescimento, no seu impacto noutros grandes sectores industriais e na dimensäo do espectro tecnológico que sustenta o seu desenvolvimento. As áreas estreitamente inter-relacionadas9 que constituem o objecto da Investigaçäo e Desenvolvimento no âmbito do ESPRIT säo, portanto: a) A micro-electrónica avançada, que fornece a estrutura física de qualquer sistema de informaçäo. b) A tecnologia do suporte lógico, que diz respeito ao meio que controla o funcionamento de qualquer sistema de TI. c) O processamento avançado de informaçäo, que diz respeito à optimizaçäo do comportamento funcional através da combinaçäo arquitectónica de equipamento e suporte lógico. d) Sistemas de escritório, que podem ser encarados como arquétipos de todo o sector de serviços. Além disso, requerem um espectro muito largo de tecnologias e representam provavelmente o melhor banco de ensaio para o resultado da I&D nas três áreas-chave Comissäo apresentará em breve propostas específicas. 9 Para apresentaçäo e discussäo parece mais prático agrupar as várias actividades identificadas em sectores razoavelmente homogéneos. Importa no entanto acentuar que esta divisäo é circunstancial e näo intrínseca à natureza do trabalho; seria errado, mesmo desastroso, para todo o programa tentar tratá-los como domínios separados. tecnológicas acima mencionadas. e) Produçäo integrada por computador, que tem uma grande importância estratégica para todo o sector produtivo da Comunidade10, em situaçäo difícil. Além disso, a natureza desta aplicaçäo tem muitas exigências tecnológicas que säo complementares das dos sistemas de escritório.

ACÇÖES E RECURSOS DO ESPRIT

20. Desencadear na Comunidade um "salto tecnológico" que permita alcançar, se näo a superioridade, pelo menos a paridade técnica com os nossos principais concorrentes nos próximos dez anos constitui um objectivo ambicioso cuja realizaçäo exigirá um esforço conjunto de todos aqueles que, na Comunidade, possam dar um contributo efectivo para a I&D e para a sua exploraçäo: grandes e pequenas firmas industriais, instituiçöes de investigaçäo, universidades e particulares. Só deste modo será possível concentrar recursos humanos e financeiros numa escala proporcional aos objectivos.

21. Com esta finalidade, o ESPRIT visa ser um programa através do qual: a) seräo postos à disposiçäo fundos para o lançamento 10 Em particular os pequenos fabricantes em série de partes discretas (uma vez que 70% dos bens produzidos na Comunidade constituem pequenas séries). de projectos comunitários de I&D pré-competitivos de cooperaçäo industrial que se integrem em linhas tecnológicas estratégicas previamente acordadas, b) Seräo promovidas consultas sistemáticas entre as administraçöes dos Estados Membros, as instituiçöes académicas, a indústria e a Comunidade, com o objectivo de definir, avaliar e adaptar as actividades de I&D, com vista a conseguir a melhor coordenaçäo de esforços e utilizaçäo de recursos entre todas as partes envolvidas nas TI dentro da Comunidade, c) Seräo assegurados meios no campo das infra-estruturas e da organizaçäo que permitam uma selecçäo cuidadosa, uma execuçäo eficaz, um controlo e uma gestäo adequados e uma difusäo satisfatória dos resultados das acçöes.

22. De modo a criar as condiçöes para a elaboraçäo e o desenvolvimento gradual e efectivo dessas actividades, estabelece-se que o programa ESPRIT se desenvolva ao longo de um período de 10 anos. A primeira fase de 5 anos é a que presentemente se propöe. As grandes linhas do trabalho de I&D para esta primeira fase, nas áreas acima indicadas, säo apresentadas no anexo técnico ao projecto de decisäo do Conselho. Neste quadro, estabelecer-se-á um programa de trabalho mais específico, numa base anual e actualizável conforme as necessidades, para a implementaçäo no dia-a-dia do programa. Esta estrutura do programa garantirá uma perspectiva a longo prazo aos projectos de maior dimensäo, flexibilidade aos projectos de menor dimensäo, e a possibilidade de introduzir, sempre que necessário, ajustamentos pontuais à luz dos resultados e da evoluçäo da tecnologia.

23. Torna-se necessário, para este fim, estabelecer um sistema de consultas permanentes entre a Comissäo e os Estados Membros e assegurar a fiscalizaçäo constante do sector, com vista a identificar rapidamente os objectivos e tendências no campo da tecnologia; a organizar a infra-estrutura administrativa de modo a permitir a actualizaçäo do programa de acçäo operacional e a sua adequaçäo às necessidades reais; a proceder a uma objectiva e rigorosa avaliaçäo do trabalho; a organizar a gestäo dos contratos; a coordenar os diversos projectos, e a divulgar os resultados.

24. Estas actividades seräo levadas a cabo pela Comissäo, que recolherá para tal o parecer do Comité de Gestäo e Consulta (CGC) criado por decisäo do Conselho e integrado por membros designados pela Comissäo de acordo com os Governos dos Estados Membros. A composiçäo e as principais tarefas deste Comité de gestäo e coordenaçäo encontram-se especificadas no projecto de decisäo do Conselho que cria este tipo de Comités, e que é objecto de uma proposta recente da Comissäo11. 11 COM (83) 143, de 16 de Março de 1983, Comunicaçäo da Comissäo ao Conselho sobre Estruturas e Procedimentos tendentes à aplicaçäo de uma Política Comum no campo da Ciência e da Tecnologia.

25. A definiçäo e a verificaçäo dos objectos técnicos de carácter estratégico basear-se-äo em elementos fornecidos pela indústria, tendo em conta interesses nacionais e comunitários de âmbito mais vasto, e apoiar-se-äo numa análise sectorial sistemática. No que respeita aos projectos que exigem um contributo financeiro, reconhece-se que a I&D industrial assenta, no essencial, em duas grandes categorias de projectos12: a) Projectos cuja concretizaçäo exige infra-estruturas e recursos, quer humanos quer financeiros, de grande amplitude, bem como uma perspectiva estratégica inequívoca e constante, que permitam assegurar a continuidade das acçöes e o fôlego necessário à recolha dos benefícios de longo prazo. Säo estas actividades de I&D de médio e longo prazo "conduzidas pelo sistema", designadas no presente documento como projectos de tipo A, que constituem a espinha dorsal estratégica do programa ESPRIT. O peso que este tipo de projectos terá no reforço global do programa ESPRIT reflectirá o contributo de organismos envolvidos em I&D fundamental no âmbito 12 As respostas ao convite para apresentaçäo de propostas relativas à fase-piloto, num total de 195 propostas envolvendo 638 entidades proponentes, incluindo muitas pequenas e médias empresas de TI e ainda utilizadores de TI, ilustram de forma clara o grau de interesse e também a dimensäo e a qualidade dos contributos que é legítimo esperar da indústria, das universidades e de outros organismos de investigaçäo. das tecnologias da informaçäo a nível da Comunidade. b) Projectos que assentam sobretudo numa infra-estrutura flexível e em trabalho de concepçäo individual, mais do que numa perspectiva de sistema, e exigem recursos comparativamente muito menos significativos. Tais actividades, que estäo designadas como projectos de tipo B, podem variar entre acçöes de I&D de carácter muito especulativo, concretizáveis em prazo muito longo, e acçöes de I&D orientadas para objectivos muito específicos, concretizáveis em prazo relativamente mais curto. Prevê-se que estas actividades representem uma parte significativa do esforço global do programa ESPRIT.

APOIO FINANCEIRO

26. Atendendo à diversidade de amplitude e requisitos dos projectos, compreende-se que a sua inclusäo no programa ESPRIT deva processar-se de acordo com critérios diversos: a) Para projectos de carácter estratégico (projectos de tipo A), a Comissäo propöe que a participaçäo financeira da Comunidade seja de 50%, tomando a forma de um subsídio. æ própria indústria caberia, em condiçöes normais, a atribuiçäo dos restantes 50%13. 13 O grau de participaçäo financeira da indústria é considerado um teste que permitirá apurar em que medida a mesma acredita na necessidade de levar a cabo o trabalho em questäo, e será b) Os projectos de menor dimensäo (tipo B) colocam problemas diferentes, mas a Comissäo considera em princípio que, devendo a norma geral apontar igualmente para uma participaçäo da Comunidade em 50%, haverá no entanto que prever algumas excepçöes. Por exemplo: a) Nos casos em que o pedido de apoio à actividade industrial venha de PMEs ou de outras empresas com capacidade financeira muito limitada, será admissível a atribuiçäo de um apoio comunitário superior a 50%. Em tais casos, poderäo ser realizados acordos específicos respeitantes ao acesso aos resultados e à sua exploraçäo. b) Nos casos em que uma proposta de investigaçäo seja apresentada por instituiçöes universitárias que näo lograram obter para ela o apoio de um parceiro ou patrocinador na indústria, se a Comissäo considerar que as características técnicas do trabalho säo suficientemente relevantes para merecerem um dos critérios de avaliaçäo a utilizar. Deste modo, sempre que se verifiquem intervençöes financeiras directas da parte das autoridades nacionais, e dada a diversidade que se regista no modo como os governos dos vários países apoiam a indústria, a Comissäo examinará a situaçäo caso a caso, tendo em conta o princípio geral. o seu apoio, näo obstante a falta de apoio por parte da indústria, a proposta poderá obter um financiamento inicial até 100%. Neste caso, poderá ser adoptada uma abordagem por fases que permita o lançamento do projecto, com o pressuposto de que a indústria assumirá a responsabilidade por uma parte substancial do financiamento logo que hajam sido obtidos determinados resultados previamente acordados, que comprovem a validade da perspectiva adoptada.

SELECÇÄO DE PROJECTOS

27. Para poderem beneficiar de apoio, os projectos deveräo ser propostos por organizaçöes, incluindo pequenas e médias empresas, universidades e outras instituiçöes, que se encontrem estabelecidas no território da Comunidade e aí desenvolvam habitualmente actividades de I&D, e teräo que ser concretizados no interior da Comunidade. As propostas seräo apresentadas à apreciaçäo da Comissäo em resposta a um aviso de concurso publicado no Jornal Oficial.

28. Para a avaliaçäo de todos os projectos seräo, regra geral, aplicados os seguintes critérios principais: - consistência técnica - contributo para a estratégia industrial, à luz dos objectivos do programa ESPRIT - dimensäo comunitária - capacidade técnica e científica, bem como de gestäo, para concretizar o programa de trabalho proposto - medidas previstas e perspectiva quanto ao acesso aos resultados e sua exploraçäo.

29. Além disso: a) Para os projectos de maior dimensäo (tipo A), será condiçäo indispensável para a concessäo de apoio a participaçäo de pelo menos duas firmas independentes entre si e näo estabelecidas no mesmo Estado Membro. b) Para os projectos de dimensäo inferior (tipo B), considerar-se-á que tal participaçäo de âmbito multinacional, embora näo seja indispensável, será todavia um importante factor preferencial em igualdade de circunstâncias.

GESTÄO DO PROGRAMA

30. Caberá à Comissäo a responsabilidade global pela execuçäo do programa. A recolha de pareceres e a consulta aos Estados Membros processar-se-äo através de um Comité de Gestäo e Consulta (CGC) designado pela Comissäo de acordo com os governos dos Estados Membros.

31. Em paralelo com esta estrutura consultiva formal, a Comissäo procederá a consultas à indústria e, quando tal se justificar, a instituiçöes universitárias e de investigaçäo. Tais consultas säo organizadas de modo a que as grandes e pequenas empresas de TI, bem como os utilizadores e as instituiçöes de investigaçäo, tenham oportunidade de expressar à Comissäo os seus pontos de vista e sugestöes relativos a todos os aspectos importantes que respeitem ao conteúdo, à estrutura e à execuçäo do programa. É intençäo da Comissäo criar, para este fim, organismos de Consulta apropriados nas áreas industrial e científica.

DIFUSÄO DA INFORMAÇÄO, ACESSOS AOS RESULTADOS E SUA EXPLORAÇÄO

32. Uma justificaçäo essencial do programa ESPRIT reside no efeito sinérgico que irá desencadear, ao canalizar uma "massa crítica" de acçöes de investigaçäo para um conjunto seleccionado de objectivos tecnológicos estratégicos de importância central. Para corresponder a esta exigência, é fundamental assegurar uma adequada difusäo da informaçäo relativa aos trabalhos - fases de planeamento e execuçäo - bem como aos seus eventuais resultados e respectiva exploraçäo. Neste processo, seräo tidos em conta os diferentes tipos de informaçäo, os diversos grupos que dela beneficiaräo e os seus interesses específicos.

33. Para além de soluçöes técnicas destinadas aos principais participantes nas acçöes de investigaçäo (seminários consagrados a temas de investigaçäo específicos, apoio a investigadores, etc.), será estabelecida uma estrutura mais ampla de recolha e redistribuiçäo de dados que permita recolher informaçöes sistemáticas sobre os trabalhos em curso e respectivos resultados. As entidades contratantes estäo vinculadas a fornecer à Comissäo estas informaçöes e a divulgá-las segundo as modalidades adequadas, nomeadamente através de conferências especiais ou por intermédio do sistema de troca de informaçöes que irá ser constituído para atender às necessidades de todos os participantes no programa ESPRIT.

34. No que respeita ao acesso aos resultados e respectiva exploraçäo, adoptar-se-äo, em princípio, as mesmas linhas orientadoras que já se aplicam a outros projectos financiados pela Comunidade, ou seja: a propriedade e o direito de exploraçäo de quaisquer informaçöes e direitos de propriedade industrial resultantes do trabalho levado a cabo ao abrigo de um contrato (informaçäo de primeiro plano) caberäo, em circunstâncias normais, às entidades contratantes.

35. Deveräo ainda ser observados alguns princípios nomeadamente: - Para que se verifique uma cooperaçäo efectiva, deverá ficar garantido, por acordo entre as entidades contratantes, que cada um dos participantes num mesmo projecto terá, ao longo de todo o período de execuçäo do projecto e a fim de cumprir a sua parte no programa global de trabalhos, acesso seguro privilegiado aos resultados do trabalho levado a efeito pelos outros participantes. - Para que se produza o efeito sinérgico global previsto, seräo estabelecidas condiçöes privilegiadas que assegurem à equipa de um projecto acesso aos conhecimentos de primeiro plano gerados por uma outra equipa ocupada em projecto diferente no quadro do programa ESPRIT, na medida em que tal informaçäo permita ao projecto beneficiário a obtençäo de melhores ou mais rápidos resultados. - A fim de estimular uma grande competitividade ao nível comunitário, deverá ser facultada a aquisiçäo de direitos às firmas estabelecidas na Comunidade que, näo participando num projecto específico, estejam todavia interessadas em utilizar os seus resultados e possuam a capacidade adequada a tal utilizaçäo. Os termos deveräo ser objecto de negociaçäo numa base comercial, tendo em conta os contributos das partes de origem bem como os da Comunidade.

RECURSOS GLOBAIS

36. As dimensöes do programa global säo funçäo do impacto estratégico que com ele se pretende alcançar. Tal impacto pode ser avaliado aproximativamente em termos de mercado e volume real corrente de despesas. O montante total do investimento efectuado pela indústria em investigaçäo e desenvolvimento na área das TI, a nível da Comunidade, pode calcular-se em cerca de 5 biliöes de ECUs/ano: a fracçäo deste montante gasta, na Europa, em actividades de I&D pré-competitivas é insignificante, quando comparada com os 5 a 10% gastos pelos nossos principais concorrentes.

37. Para ser eficaz e estimular o novo pensamento estratégico que deverá estar subjacente à definiçäo e execuçäo do programa de I&D, a acçäo da Comunidade terá de encorajar a realizaçäo de um esforço conjunto de longo prazo em I&D pré-competitiva de dimensäo equivalente (ou seja, que corresponda a pelo menos 5 a 10% do esforço industrial global corrente). As conclusöes formuladas após a realizaçäo de consultas à indústria, aos governos e às universidades, tomando em consideraçäo as limitaçöes físicas inerentes a um processo gradual e realista de aumento de capacidade, indicaram ser viável o desenvolvimento de um esforço inicial de I&D pré-competitiva de longo prazo que atinja os 2000 homens por ano a partir do terceiro ano. A tabela 1 mostra por que forma os recursos destinados a actividades iniciadas na primeira fase cresceräo ao longo dos primeiros 5 anos (1984/1988) e se reduziräo nos anos seguintes. Quando se efectuar o pagamento da segunda fase do programa, é de prever um padräo de distribuiçäo de recursos análogo para os anos 89/93, mantendo-se pelo menos nos primeiros 3 a 4 anos da segunda fase (ou talvez aumentando ligeiramente em termos reais) a repartiçäo anual dos recursos.

38. A conversäo destes números em previsöes orçamentais, de acordo com a prática corrente na indústria, conduz-nos a uma estimativa do investimento global relativo à primeira fase de 5 anos de cerca de 1500 milhöes de ECUs. Em termos aproximados, tal montante corresponderá a 6% do investimento total da indústria em I&D na área das TI a nível da Comunidade, valor equiparável ao registado pelos nossos principais concorrentes, e perfeitamente ao nosso alcance. Na base de uma participaçäo média de 50%, o encargo orçamental para a Comunidade seria de 750 MECUs, incluindo-se neste montante os custos envolvidos na gestäo do programa e no acesso ao Sistema de Troca de Informaçöes e sua utilizaçäo.

PROPOSTA DE DECISÄO

que adopta um programa de projectos de investigaçäo e desenvolvimento da Comunidade no campo das tecnologias de informaçäo: ESPRIT

O CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS,

Tendo em conta o Tratado que estabelece a Comunidade Económica Europeia e, em particular, o seu Artigo 235,

Tendo em conta a proposta feita pela Comissäo,

Tendo em conta o parecer do Parlamento Europeu,1

Tendo em conta o parecer do Comité Económico e Social,2

Considerando que, ao estabelecer um mercado comum e ao aproximar progressivamente as políticas económicas dos Estados Membros, a Comunidade tem como tarefa promover em toda a Comunidade um desenvolvimento harmonioso da actividade económica e relaçöes mais estreitas entre os Estados que dela fazem parte,

Considerando que o Conselho adoptou, em 15 de Julho de 1974, uma Resoluçäo3 sobre Processamento de Dados, Considerando que os Chefes de Estado e de Governo, reunidos em 1 2 3 JO N.º C 86, 20.7.1974, p.1.

Estrasburgo em 21 e 22 de Junho de 1979, declararam que o complexo dinâmico das indústrias de informaçäo, baseado nas novas tecnologias electrónicas, constituia um factor essencial de crescimento económico e de desenvolvimento social,

Considerando que na sua comunicaçäo COM(82)865, a Comissäo propôs ao Conselho uma estratégia no domínio da ciência e da tecnologia e um programa-quadro para o período de 1984/87,

Considerando que o programa-quadro proposto exige um programa de acçäo de investigaçäo e desenvolvimento em tecnologias de informaçäo,

Considerando que o Conselho adoptou, pela Decisäo 82/878/CEE,4 uma série de projectos-piloto no campo das tecnologias da informaçäo,

Considerando que a resposta da indústria, das universidades e das instituiçöes de investigaçäo à fase de projectos-piloto foi de qualidade muito elevada e mostra um alto grau de interesse, e que seria necessário fornecer meios adequados para garantir continuidade às acçöes que väo ser iniciadas, e proceder à implementaçäo de um programa de acçäo em larga escala,

Considerando que um programa em larga escala de investigaçäo e desenvolvimento em tecnologias da informaçäo deve ter os objectivos amplos indicados no anexo a este documento, mas ser susceptível de revisäo a vários níveis de pormenor de forma a 4 J.O. N.º L 369, 29.12.1982, p.37.

tomar em conta a modificaçäo das prioridades industriais,

Considerando que as medidas adequadas à difusäo dos resultados de projectos de interesse comunitário, e o acesso a esses resultados, säo essenciais ao prosseguimento dos objectivos da Comunidade,

Considerando que é necessário, para a execuçäo do programa, que a Comissäo seja assistida por um Comité de Gestäo e Consulta,

Considerando que a importância da acçäo pode exigir uma extensäo do programa adoptado por esta Decisäo,

Considerando que o Tratado näo estabelece os poderes necessários,

DECIDIU O SEGUINTE:

ARTIGO 1.º

1. É por este documento adoptado por um período de cinco anos, a partir de 1 de Janeiro de 1984, um programa de investigaçäo e desenvolvimento para a Comunidade Económica Europeia no campo das tecnologias de informaçäo, tal como é definido na Secçäo A do Anexo, de aqui em diante referido como "o programa".

2. O programa compreenderá projectos levados a cabo por meio de contratos a serem concluídos com entidades, incluindo pequenas e médias empresas, universidades e outros organismos estabelecidos na Comunidade, e acçöes de coordenaçäo das actividades de investigaçäo e desenvolvimento que fazem parte de programas dos Estados Membros e da Comunidade.

3. Em princípio, os Contratantes deveräo suportar uma parte substancial dos custos que seräo normalmente repartidos numa percentagem de 50% para os Contratantes e de 50% para a Comunidade.

ARTIGO 2.º

A Comunidade contribuirá para a realizaçäo do programa dentro dos limites das verbas inscritas para este fim no Orçamento das Comunidades Europeias.

O montante total das verbas que representam a contribuiçäo da Comunidade para a realizaçäo do programa é calculado em 750 milhöes de ECUs, incluindo o pessoal necessário calculado em 83 funcionários A, 17 funcionários B e 50 funcionários C, de acordo com o indicado na Secçäo B do Anexo.

ARTIGO 3.º

A Comissäo providenciará para que o programa seja realizado adequadamente. Decidirá, em particular, sobre as modalidades de implementaçäo do programa, sobre a definiçäo pormenorizada dos objectivos e sobre o tipo de acçöes a desenvolver. Um programa de trabalho será estabelecido anualmente e actualizado de acordo com as necessidades.

ARTIGO 4.º

A Comissäo será assistida na execuçäo das tarefas referidas no Artigo 3.º pelo Comité de Gestäo e Consulta no campo das tecnologias da informaçäo, criado pela Decisäo do Conselho / /5.

ARTIGO 5.º

No que respeita às actividades de coordenaçäo, os Estados Membros e a Comunidade procederäo ao intercâmbio de todas as informaçöes a que tenham acesso e que possam ser divulgadas relativamente às actividades de I&D nos domínios cobertos por esta Decisäo, quer tenham ou näo sido planificadas ou executadas sob a sua responsabilidade.

Haverá intercâmbio de informaçäo em conformidade com um protocolo a definir pela Comissäo, de acordo com o Comité referido no Artigo 4.º, e essa informaçäo será tratada como confidencial sempre que o informante o solicite.

ARTIGO 6.º

1. O programa será revisto ao fim de trinta meses. O Conselho e o Parlamento Europeu seräo informados dos resultados dessa revisäo.

2. O programa pode ser alargado por um segundo período de cinco anos, sob proposta da Comissäo a ser submetida ao Conselho em conformidade com o procedimento apropriado. 5 Ver projecto da Decisäo do Conselho COM (83) 143.

3. No final de cada período de cinco anos do programa, a Comissäo, depois de consultar o Comité referido no Artigo 4.º, enviará aos Estados Membros e ao Parlamento Europeu um relatório sobre a realizaçäo e os resultados do programa. Feito em Bruxelas, em Pelo Conselho

ANEXO Æ DECISÄO DO CONSELHO QUANTO Æ ADOPÇÄO DE UM PROGRAMA ESTRATÉGICO DE INVESTIGAÇÄO E DESENVOLVIMENTO SOBRE AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÄO (ESPRIT) SECÇÄO A: ÅREAS DE ACTIVIDADE

O programa compreende áreas de actividade de I&D e acçöes de infra-estrutura. As áreas de actividade de I&D säo as seguintes:

1. Perspectivas da Micro-Electrónica avançada

O objectivo principal é o de fornecer as capacidades tecnológicas de concepçäo, fabrico e ensaio de circuitos integrados (CIs) de alta velocidade e de muito larga escala que seräo necessários nas duas próximas décadas. Um objectivo concomitante consiste em estimular a I&D de novos materiais e dispositivos com vista a aplicaçöes especiais. As actividades a desenvolver englobam: - a concepçäo, a produçäo e o ensaio, assistidos por computador, de Circuitos Integrados de Muito Larga Escala (CIMLE); - as fases de desenvolvimento de circuitos integrados de silício até uma dimensäo da ordem do mícron; - a integraçäo das fases de desenvolvimento com vista a uma produçäo de CIMLE controlada por computador; - as fases de desenvolvimento de componentes sub-micrónicas em silício e outros materiais semi-condutores; - as técnicas de estabelecimento de interfaces entre os circuitos integrados e o ambiente informático; - a investigaçäo sobre o processamento e a transmissäo da informaçäo óptica, nomeadamente a opto-electrónica integrada, a comutaçäo e o armazenamento ópticos; - as novas tecnologias de apresentaçäo de informaçäo e de imagens; - os novos materiais orgânicos e inorgânicos destinados à electrónica e às técnicas ópticas.

2. Tecnologias do Suporte Lógico

A tecnologia do suporte lógico visa fornecer a engenharia de base, os métodos e as máquinas-ferramenta necessárias ao desenvolvimento de processos do suporte lógico, os princípios de gestäo para uma tecnologia da informaçäo, bem como o conhecimento científico em que estes se fundam, com o fim de os integrar numa tecnologia consistente. O suporte lógico é baseado na matemática, na economia e nas práticas tradicionais da engenharia.

O procedimento a adoptar requer três abordagens de investigaçäo complementar:

A primeira será dirigida às bases científicas e abrangerá a área das técnicas matemáticas formais, taxinomia e métrica, incluindo técnicas empíricas e utilizaçäo de modelos. Esta abordagem ao desenvolvimento do suporte lógico tem por objectivo o aprofundamento da compreensäo científica e constitui um trabalho de investigaçäo predominantemente teórica.

A segunda abordagem visa o processo de produçäo do suporte lógico, considerado como actividade industrial em que grandes equipas de engenheiros (diplomados e especializados) criam sistemas de suporte lógico complexos, previstos em numerosas versöes e variantes dirigidas a mercados vastos e por longo período de tempo. O trabalho nesta área está relacionado com todas as fases do ciclo de vida do suporte lógico e aplica-se a actividades como a análise das exigências, a especificaçäo, a concepçäo, a implementaçäo, a verificaçäo e a validaçäo, a manutençäo e o aperfeiçoamento. A integraçäo total dos métodos e das máquinas-ferramenta, assim como a sua continuidade fase a fase, revestir-se-äo de particular importância. A principal actividade de I&D nesta área concentra-se nos métodos e nos utensílios, e na sua integraçäo em sistemas completos de produçäo do suporte lógico. O objectivo visado é o domínio da técnica do processo de produçäo de artigos de suporte lógico.

A terceira abordagem diz respeito ao processo de desenvolvimento do suporte lógico como actividade económica de pleno direito. Concentra-se no suporte lógico como produto e estuda as interdependências entre os objectivos comerciais de uma empresa e as características técnicas e as exigências de execuçäo do suporte lógico. Estuda igualmente o problema da produçäo do suporte lógico para aplicaçöes específicas, e a forma como o conhecimento da área de aplicaçäo pode ter influência sobre os utensílios e os métodos de desenvolvimento do suporte lógico.

Esta abordagem tem por fim fornecer as técnicas e os critérios de organizaçäo, de gestäo e optimizaçäo de todos os elementos do processo de produçäo e da técnica de aplicaçäo do suporte lógico. Impöe trabalhos de I&D nos seguintes sectores: - teorias e métodos de desenvolvimento de programas, - métodos e utensílios de engenharia do suporte lógico, - aspectos económicos e industriais da produçäo do suporte lógico.

3. Processamento Avançado da Informaçäo (PAI)

A finalidade do processamento avançado da informaçäo é criar a base de exploraçäo industrial para a transiçäo do sistema de processamento de dados para o sistema de processamento de conhecimento, que é a chave da nova geraçäo de computadores. Entre os objectivos intermédios de importância figuram a provisäo de interfaces mais ao alcance de utilizadores näo peritos e a exploraçäo de sistemas de CIMLE destinados a aumentar sensivelmente as capacidades de processamenbto de informaçäo.

Os trabalhos de I&D concentrar-se-äo principalmente nas seguintes matérias: - a engenharia da informaçäo e do conhecimento, incluindo a utilizaçäo de sistemas inteligentes, - as técnicas de reconhecimento de formas e sua aplicaçäo às interfaces com o ambiente, nomeadamente a intercomunicaçäo homem/máquina, - o armazenamento das informaçöes e dos conhecimentos, incluindo as novas tecnologias de equipamento e as técnicas avançadas do suporte lógico, - a arquitectura dos computadores, nomeadamente para processamento paralelo, conducente a novas máquinas de processamento de capacidade superior, - os objectivos e métodos conceptuais de integraçäo de conceitos de PAI credíveis em CIMLE.

4. Burótica

O objectivo consiste em proceder a investigaçöes sobre os sistemas de informaçäo que iräo auxiliar a execuçäo das múltiplas tarefas näo rotineiras realizadas pelo homem no ambiente do escritório. As actividades a implementar compreendem: - a ciência dos sistemas buróticos, como requisito e apoio à análise estrutural e funcional, à descriçäo dos serviços buróticos, à definiçäo de normas e à concepçäo de produtos e sistemas adaptados às necessidades do escritório; - os postos de trabalho, as linguagens de descriçäo de documentos, a criaçäo e a difusäo de documentos, as interfaces homem/máquina; - os sistemas de comunicaçäo no escritório, incluindo redes locais e sua interligaçäo, a comunicaçäo interactiva integrada texto-voz-imagem-video e as funçöes de valor acrescentado; - sistemas de arquivo e consulta de ficheiros, privilegiando a facilidade de acesso e restituiçäo do "conhecimento", bases de dados endereçáveis pelo conteúdo e pela estrutura e linguagens da documentaçäo de escritório; - factores humanos englobando todos os aspectos da interacçäo entre o homem e os sistemas de processamento da informaçäo.

5. Produçäo Integrada por Computador (PIC)

O objectivo consiste em estabelecer as bases tecnológicas para a introduçäo progressiva de auxiliares informáticos em todas as fases do processo de produçäo com vista a atingir uma produçäo integrada.

Realça-se sobretudo a produçäo dos elementos necessários à produçäo de peças por lotes, visto tratar-se do problema tecnologicamente mais exigente.

O esforço principal de I&D concentrar-se-á em: - a arquitectura integrada por sistemas para sistemas de PIC, compreendendo os sistemas de gestäo de bases de dados e a incorporaçäo dos conceitos do PAI (Processamento Avançado da Informaçäo); - os sistemas modulares de concepçäo e engenharia assistidos por computador (CAC e EAC); - os sistemas modulares de produçäo, de ensaio e reparaçäo de sistemas assistidos por computador, e a sua integraçäo com a CAC e a EAC; - os sistemas do suporte lógico e de operaçäo, incluindo as linguagens de comando para geraçäo de programas de controlo, com base na concepçäo, produçäo e ensaios de montagem automatizada, para o funcionamento de robots ou para controlo numérico informatizado de máquinas-ferramenta; - os sistemas de representaçäo de imagens e de controlo, para captaçäo e processamento em tempo real de imagens tridimensionais e para elaboraçäo de respostas apropriadas, com a utilizaçäo de técnicas de PAI; - a concepçäo e o fabrico de CIMLE para os sub-sistemas de PIC, sensores, etc.; - os modelos de demonstraçäo de sub-sistemas de PIC conducentes a sistemas de demonstraçäo completos de PIC, com vista a proceder a experiências em situaçöes da vida real.

6. Acçöes de Infra-estrutura

As acçöes de infra-estrutura consistem em determinado número de medidas específicas que visam criar as condiçöes necessárias para assegurar o sucesso das actividades conjuntas de I&D a nível comunitário e para obter o rendimento máximo do programa ESPRIT no seu conjunto.

As actividades de infra-estrutura compreendem em especial: - a coordenaçäo de I&D da Comunidade e dos Estados Membros, a aquisiçäo de informaçäo, tanto no âmbito do ESPRIT como no mundo inteiro, e a sua adequada difusäo; - a coordenaçäo e documentaçäo das normas no âmbito do ESPRIT e sua relaçäo com as normas nacionais e internacionais; - um Sistema de Troca de Informaçöes (STI) para facilitar as comunicaçöes, com vista a garantir uma boa realizaçäo técnica dos projectos de I&D, bem como a respectiva gestäo e adequada difusäo de resultados. A sua implementaçäo e aperfeiçoamento progressivo deveriam possibilitar a comunicaçäo directa entre computadores e o desenvolvimento do suporte lógico distribuído.

1984 COMPLEMENTO 1985 TOTAL POSTOS TEMPORÅRIOS POSTOS TEMPORÅRIOS GERAL CIENTÏFICAS/ ADMINISTRATIVAS TOTAL CIENTÍFICAS/ ADMINISTRATIVAS TOTAL CATEGORIAS /TÉCNICAS /TÉCNICAS A 47 4 51 32 - 32 82 B 4 5 9 2 6 8 17 C - 31 31 - 19 19 50

SECÇÄO B. QUADRO DE EFECTIVOS PROPOSTA PARA UMA DECISÄO DO CONSELHO QUANTO æ ADOPÇÄO DO PRIMEIRO PROGRAMA ESTRATÉGICO EUROPEU DE INVESTIGAÇÄO E DESENVOLVIMENTO NA åREA DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÄO E S P R I T A P Ë N D I C E ÏNDICE

Secçäo I - Antecedentes ..........................Pag. 46 Secçäo II - Objectivos Específicos do ESPRIT......Pag. 63 Secçäo III - Acçöes Propostas ....................Pag. 109

SECÇÄO I - ANTECEDENTES

Assunto da presente comunicaçäo

1. Em 1982 foram enviadas ao Conselho três comunicaçöes1: a) a primeira analisava a importância das tecnologias da informaçäo (TI) e apresentava o ESPRIT b) a segunda esboçava um projecto de fase-piloto e traçava as grandes linhas de um programa geral ESPRIT c) a terceira constituía um documento de base com vista a uma Decisäo sobre Projectos-Piloto.

2. Os ministros da investigaçäo acolheram favoravelmente a ideia do projecto ESPRIT em sessäo de Junho de 1982, vindo a aprovar o princípio de uma fase-piloto em sessäo de Novembro de 1982. 1 a) COM 287: para um programa estratégico europeu de Investigaçäo e Desenvolvimento na área das Tecnologias de Informaçäo. b) COM 486: definiçäo das bases de um programa estratégico europeu de Investigaçäo e Desenvolvimento na área das Tecnologias da Informaçäo: a fase-piloto. c) COM 737: proposta para uma Decisäo do Conselho respeitante a uma fase preparatória de um programa comunitário de Investigaçäo e Desenvolvimento na área das Tecnologias da Informaçäo. O Conselho decidiu financiar a fase-piloto até ao montante de 11,5 MECUs, o que representa 50% dos custos relativos ao primeiro ano.

3. O nível e a qualidade da resposta ao convite a propostas para o lançamento da fase-piloto e o apoio prestado pela indústria indicam claramente que chegou o momento de definir e implementar um programa em larga escala.

4. O presente documento tem por objectivo fornecer as bases para uma decisäo do Conselho, estabelecendo um programa geral que incorpore os projectos-piloto.

Papel e importância das TI para a Comunidade

5. A influência histórica e mundial da Europa esteve sempre intimamente ligada às suas realizaçöes científicas e tecnológicas. Embora traga certos problemas, o progresso tecnológico é elemento essencial na evoluçäo futura das sociedades; o progresso futuro depende grandemente da atempada aquisiçäo de novas tecnologias e da sua perfeita e judiciosa utilizaçäo.

6. Pode-se considerar que, até ao fim do século, as novas tecnologias da informaçäo (TI) seräo uma das principais fontes de progresso tecnológico. Oferecem soluçäo a muitos problemas urgentes do mundo moderno e oferecem à Europa uma oportunidade única de renascimento industrial graças a um crescimento qualitativo criador de novos produtos, processos e serviços, e, consequentemente, de oportunidades de exportaçäo e de novos postos de trabalho.

7. Para as economias europeias de elevado índice de valor acrescentado, as TI revestem-se de uma importância vital, e a Europa tem de adquirir competências próprias em áreas-chave se quiser rivalizar com os Estados Unidos e com o Japäo e com eles cooperar em pé de igualdade.

8. Todavia, a Europa näo se situa, como outrora, no topo do desenvolvimento tecnológico e da inovaçäo e, devido à situaçäo mundial, é-lhe cada vez mais difícil salvaguardar o seu poder económico de modo a enfrentar o custo progressivo da energia e das matérias primas, aliados à intensificaçäo da concorrência internacional.

9. Dado que a Europa é tributária da importaçäo, o potencial de exportaçäo da sua indústria e todas as questöes com esta relacionadas constituem um problema político da maior importância.

10. As TI implicam um grande esforço de I&D e as tecnologias säo rapidamente ultrapassadas, o que significa que a importância do investimento a fazer em investigaçäo e desenvolvimento é täo elevado que exige criteriosa selecçäo.

11. A realizaçäo do crescimento económico e da exploraçäo das vantagens potenciais das TI tem dimensöes importantes na Comunidade, e incide especificamente na utilizaçäo mais proveitosa dos raros equipamentos e recursos tecnológicos na área das TI, afectos à investigaçäo e desenvolvimento a médio e longo prazo.

12. Se bem que os esforços da Comunidade neste âmbito sejam de considerar, deveräo ser significativamente intensificados de modo a aumentar a sua eficácia quanto às áreas-chave.

13. A mobilizaçäo do potencial tecnológico da Comunidade neste campo dependerá da vontade colectiva dos governos, da indústria, das universidades, dos sindicatos e da opiniäo pública, no sentido de conferir à indústria os meios tecnológicos necessários, a longo prazo, tornando-os viáveis e dando-lhes maior força.

As TI, factores de mutaçäo económica

14. A tecnologia da informaçäo é, talvez, de todos os sectores de actividade industrial e comercial o que se desenvolve mais rapidamente no mundo ocidental. Os mercados säo vastos, a aplicaçäo diversificada e em expansäo, as perspectivas de eficiência crescente imensas. As TI seräo o motor do crescimento económico pelo menos durante todo o resto deste século, e constituem portanto um factor primordial da política económica.

15. As tecnologias da informaçäo säo uma indústria que se insere bem na economia europeia caracterizada por um custo de mäo-de-obra relativamente elevado, visto que podem contribuir para a melhoria da execuçäo operacional e para a reduçäo de custos em vários outros sectores industriais. As TI têm um forte valor acrescentado e vasto potencial de exportaçäo. Além disso, utilizam muitos conhecimentos, consomem pouca energia e matérias primas e näo afectam o ambiente.

16. As TI, por direito próprio, constituem já uma importante indústria, comparável em dimensäo e valor acrescentado à indústria automóvel e à siderúrgica2. Elas distinguem-se, no entanto, dessas indústrias que atingiram já a maturidade pelas suas perspectivas de desenvolvimento em muitas áreas. Prevê-se que a sua taxa de crescimento global venha a atingir os 8 a 10% ao ano em termos reais - incluindo os produtos clássicos, como os equipamentos telegráficos e os equipamentos telefónicos näo digitais. O mercado comunitário de TI representa 30% do mercado mundial, apesar de as empresas especializadas em TI de base europeia terem obtido resultados decepcionantes e da sua presença nos mercados de ponta ter sido insignificante.

17. O PIB da Comunidade é assegurado em cerca de 6% pelas seguintes indústrias básicas das TI: . computadores, incluindo os periféricos . serviços informáticos incluindo o suporte lógico . componentes 2 237 biliöes de dólares de rendimento, a nível mundial, em 1980. e, em mais 29%, pelas seguintes indústrias que constituem as áreas de aplicaçäo das TI: . telecomunicaçöes . burótica . automatizaçäo de fábricas . produtos de consumo . aplicaçöes na defesa . serviços financeiros e seguros

18. Uma outra fracçäo do PIB, de 20%, provém de outros sectores industriais que tratam importante volume de dados, como serviços e comércio de retalho, e daqueles que cada vez mais utilizam os computadores para os trabalhos de "design", produçäo, controlo de qualidade, distribuiçäo e manutençäo, como por exemplo as indústrias automóveis e as têxteis.

19. A execuçäo dos outros sectores económicos pode também ser sensivelmente melhorada, embora de forma menos directa, pelas TI. Por exemplo, a agricultura pode tirar grande vantagem da observaçäo da terra por satélite, que, seguida de uma análise computorizada dos dados colhidos, permite optimizar a produçäo. Tendo em conta a importância do sector agrícola, qualquer influência das TI, por modesta que seja, representa logo um grande valor económico.

20. As telecomunicaçöes, a burótica e a automatizaçäo industrial desempenham um papel particularmente importante, visto que essa aplicaçäo das TI se concretiza numa infra-estrutura de vital importância para o conjunto da economia.

21. No sector secundário, a indústria especializada em TI é, a nível mundial, aquela que conheceu um dos mais rápidos ritmos de expansäo no decurso do último decénio, época que näo obstante se caracterizou por uma recessäo generalizada. É de esperar que o crescimento prossiga a uma taxa de cerca de 8 a 10% até 1990, data em que esta indústria, com um rendimento global de 500 biliöes de dólares (preços de 1980), se classificará no primeiro plano das indústrias manufactureiras.

22. No sector do emprego, as profissöes ligadas à informaçäo3 väo-se tornando dominantes. Segundo os cálculos dos Serviços de Estatística dos Estados Unidos, em 1980 cerca de 50% da populaçäo civil activa trabalhava "na informaçäo", isto é, näo somente no sector industrializado mas em todas as profissöes relacionadas com a informaçäo. Na Europa os números säo semelhantes. A indústria especializada em TI emprega, só ela, 5% do total da populaçäo comunitária activa, ou seja, cerca de cinco milhöes de pessoas.

23. Na Comunidade, quatro milhöes de empregos dependem de acçöes relacionadas com as TI. Se o mercado dos produtos das TI se tivesse desenvolvido na Comunidade ao mesmo ritmo que nos Estados Unidos e no Japäo, poderiam ter sido criados 2 000 000 de postos de trabalho suplementares. 3 Esta área inclui actividades tais como emissöes de TV e a imprensa que, embora näo abrangidas pela designaçäo "tecnologias da informaçäo", dependem fortemente delas. Igual número de empregos se encontra ameaçado no futuro se a indústria comunitária näo aumentar a sua competitividade, utilizando as tecnologias de informaçäo com a mesma proficiência com que as utiliza a concorrência mundial.

As TI, Factores de Mutaçäo Social e Cultural

24. As tecnologias da informaçäo estäo intimamente ligadas ao progresso social e cultural. A primeira grande inovaçäo no âmbito das TI aconteceu há 5 000 anos. Trata-se do registo da informaçäo através de símbolos. A partir de entäo, a transiçäo para a escrita alfabética, para a imprensa e, recentemente, para a ediçäo por computador constituem marcos da máxima importância.

25. Até agora, os especialistas em tecnologias da informaçäo preocuparam-se essencialmente em aperfeiçoar os métodos de processamento rápido da informaçäo, como o cálculo e a impressäo. Todavia, é ainda nuito difícil reproduzir, por meio das técnicas de que actualmente se dispöe, processos cognitivos täo simples como o reconhecimento de uma voz.

26. Tendo em conta os progressos previstos para a área das TI, certas formas relativamente avançadas de inteligência artificial deixaräo de estar fora do nosso alcance e é evidente que este facto trará consigo alteraçöes de ordem socio-cultural e política täo importantes como as que foram provocadas por outras grandes inovaçöes deste século.

27. As oportunidades de evoluçäo social e cultural säo vastíssimas, visto que as TI removem as barreiras sociais e educacionais resultantes da desigualdade de acesso à informaçäo e ao conhecimento. Como acontece com todo o novo produto, também este envolve riscos que deveräo ser cuidadosamente ponderados e que poderäo exigir uma avaliaçäo rigorosa e uma escolha prudente.

28. A evoluçäo das TI interessa ao mundo inteiro e oferece a todas as sociedades a oportunidade de salvaguardar a sua identidade cultural e as possibilidades de a expandir. A Emissäo Directa por Satélite constitui para os países em vias de desenvolvimento um meio de educar e de informar as suas populaçöes. Nos Estados Membros, os progressos da traduçäo automática facilitaräo o emprego de todas as línguas comunitárias. O ensino e a formaçäo tornar-se-äo mais eficientes e menos dispendiosos.

29. A longo prazo, o sucesso exige que as naçöes e as regiöes saibam, simultaneamente, agarrar as oportunidades e dominar os riscos. Para atingir este objectivo, é necessário, mas näo suficiente, acelerar o progresso das TI. A educaçäo e a formaçäo, os problemas de alteraçäo da própria natureza do trabalho, do respeito pela vida privada, da troca de dados além fronteiras e tantas outras questöes deveräo ser objecto de consideraçäo. Os serviços da Comissäo iniciaram já o seu estudo bem como o das acçöes a propor e das medidas a implementar.

Situaçäo das indústrias comunitárias especializadas em TI

30. A dependência da Comunidade quanto à importaçäo de tecnologias da informaçäo aumenta velozmente. Em 1975, a balança dos produtos TI era ainda excedentária. Em 1980, o défice atingia 5 biliöes de dólares e, segundo algumas fontes, a barra dos 10 biliöes foi ultrapassada em 1982.

31. O problema do défice é agravado pelo facto da Comunidade importar essencialmente produtos de alta tecnologia - tais como unidades centrais de processamento e memórias de computador - provenientes dos Estados Unidos e do Japäo, enquanto exporta produtos mais clássicos e de tecnologia menos avançada.

32. O desenvolvimento do mercado comunitário de TI sofre um atraso de vários anos em relaçäo ao mercado americano e japonês. Este facto é comprovado pelo montante de vendas per capita, realizado na Comunidade, de produtos de TI, que se cifra em apenas 60% do que se regista nos Estados Unidos.

33. A indústria comunitária das TI apoia-se cada vez mais na importaçäo de tecnologias, em licenças de produçäo, distribuiçäo e manutençäo. Esta situaçäo traduz-se por um substancial atraso quanto ao nível dos produtos e da tecnologia.

34. Devido à rapidez de introduçäo das novas geraçöes tecnológicas e à melhoria de produtividade de cada uma delas, a duraçäo média dos produtos das TI de alta tecnologia é estimada em apenas 3 anos. Produtos como os micro-processadores e outros componentes-chave, assim como quaisquer produtos ou serviços de economia, só poderäo ser competitivos no mercado internacional na medida em que incorporem os mais recentes avanços da técnica.

35. Simultaneamente, o investimento mínimo a realizar em actividades de I&D apoiadas em tecnologias motrizes continua a crescer, de sorte que a rentabilidade do investimento exige mercados sempre mais vastos. A comutaçäo digital necessitou de um investimento de cerca de 1 biliäo de dólares em trabalhos de I&D. A amortizaçäo desse investimento requer a realizaçäo de um volume de vendas de 14 biliöes de dólares e, segundo os prognósticos para o próximo decénio, nenhum mercado dos Estados Membros atingirá tal dimensäo, tendo em vista o número de concorrentes que neles se defronta.

36. Idêntico constrangimento pesa, em grau variável, sobre numerosos sectores das TI e, de modo particular, sobre as tecnologias necessárias à elaboraçäo de produtos e serviços de primeira qualidade.

Remédios

37. As sociedades europeias, por vezes estimuladas pela política governamental, já tentaram aceitar o desafio que a intensificaçäo da concorrência americana e japonesa constitui. Todavia, tudo indica que o nível e a ordem de grandeza dos recursos afectados à investigaçäo e ao desenvolvimento nos países da Comunidade säo demasiado débeis, e que o esforço realizado näo está convenientemente centralizado na inovaçäo nem, por consequência, na competitividade internacional.

38. Nomeadamente os temas de I&D, que requerem longo período de estudos até à exploraçäo industrial dos resultados, säo preteridos em favor de I&D a curto prazo, que certamente permite ultrapassar atrasos mas que é insuficiente para obter a posiçäo cimeira de uma indústria em sector específico.

39. Os actuais métodos de gestäo do património tecnológico e dos recursos parecem näo ser de qualquer utilidade à indústria comunitária neste sector e, o que é mais grave, correm o risco de näo cumprir o seu papel crucial na consolidaçäo das bases tecnológicas necessárias à inovaçäo das décadas de 80 e 90, quando, segundo todas as probabilidades, as regiöes industrializadas se entregarem a uma concorrência feroz nos mercados de exportaçäo para poderem pagar a energia e as matérias primas.

40. É na investigaçäo e no desenvolvimento que reside a chave do reforço da indústria comunitária especializada em TI a médio e longo prazo. Nesta área, a Comunidade dispöe de recursos bastantes para rivalizar com os Estados Unidos e com o Japäo, mas actualmente esses recursos näo säo utilizados de modo suficientemente eficaz. Uma planificaçäo estratégica a longo prazo e a concentraçäo dos recursos, realizáveis mediante definiçäo e financiamento da implementaçäo de objectivos tecnológicos a nível comunitário, teriam francas probabilidades de corrigir a presente situaçäo de forma progressiva e durável.

41. A Comissäo partilha com a indústria a opiniäo de que os esforços de I&D deveräo ser intensificados em tempo e eficácia durante um período prolongado.

42. A velocidade actual de declínio é rápida e vai em aceleraçäo crescente. Urge, pois, empreender uma acçäo válida o mais brevemente possível.

43. Concertaçöes aprofundadas com as grandes companhias especializadas em TI, com as pequenas e médias empresas, com as universidades e com as administraçöes dos Estados Membros permitiram elaborar o programa de I&D a longo prazo denominado ESPRIT (Programa Estratégico Europeu de Investigaçäo e Desenvolvimento na årea das Tecnologias da Informaçäo).

44. Foi da Indústria que o ESPRIT recebeu o principal estímulo. Contrariando a actual tendência para recorrer cada vez mais à importaçäo de tecnologias, a Indústria apresentou a proposta de um programa comum de I&D cujos objectivos säo os seguintes: . reduzir a duplicaçäo de I&D pré-competitivos; . garantir às equipas de investigadores tempo e estabilidade suficiente para alcançarem a dimensäo crítica que lhes permita a concentraçäo em certas áreas-chave e a obtençäo de resultados válidos; . reduzir os atrasos devidos à dependência de tecnologias importadas.

45. A indústria declarou-se pronta a contribuir com metade dos fundos necessários e, elemento ainda mais importante, a partilhar o melhor dos seus preciosos recursos de mäo-de-obra técnica. Esta afirmaçäo provém especialmente de empresas que dispöem de grandes instalaçöes e que estäo dispostas a participar na realizaçäo integrada de projectos estratégicos a grande escala.

46. Que a indústria solicite à Comunidade a parte restante do financiamento e que esta aceda a garanti-la justifica-se pelas seguintes razöes: 1) adquirindo em conjunto o domínio das tecnologias "motrizes", será possível lançar as bases de normas comuns e criar um mercado comunitário de TI; o progresso só será possível nesta área pelo desdobramento de forças em toda a extensäo da frente comunitária. 2) Importa evitar o desperdício da duplicaçäo de esforços a nível nacional4.

47. A fim de restabelecer o equilíbrio, a indústria comunitária deve precisamente começar por melhorar as bases tecnológicas de que necessitará no decurso das décadas de 80 e 90, entregando-se a trabalhos generalizados de investigaçäo e desenvolvimento pré-competitivo.

48. A escolha de um programa de I&D justifica-se pelas seguintes razöes: 1) o programa pode ter início imediato, 2) a inovaçäo tecnológica é condiçäo indispensável de competitividade, 3) a colaboraçäo industrial ao nível da investigaçäo pré-competitiva näo impede a sua concorrência ao nível da conquista de mercados. 4 Por exemplo: actualmente, vários Estados Membros trabalham no "Escritório do Futuro" isoladamente. Os produtos que possam resultar deste trabalho poderäo facilmente ser optimizados pelo mercado nacional, mas é improvável que retirem benefícios ao nível de extensäo dos mercados da Comunidade. Considerando que um projecto como o ESPRIT engloba a clarificaçäo dos processos e conceitos e a definiçäo das normas das interfaces e comunicaçöes, a dimensäo comunitária aumenta as possibilidades de adpçäo de normas europeias por outros países.

49. O ESPRIT terá a dimensäo e o impulso necessários para exercer uma influência máxima sobre o "know-how" avançado na área das TI. Intensificará os esforços da indústria e das universidades sobre uma base selectiva no que respeita à tecnologia estratégica, sector em que a aproximaçäo comunitária oferece importantes vantagens. Daí resultará um impulso tecnológico. Todavia, a investigaçäo e o desenvolvimento näo säo os únicos aspectos que oferecem importantes vantagens à escala comunitária. O ensino e a formaçäo, a transferência tecnológica, a normalizaçäo e a certificaçäo, a criaçäo de mercados de ponta, a melhoria do ambiente comercial para as PMEs e muitos outros aspectos criam possibilidade de, ao adoptar uma aproximaçäo comunitária selectiva, melhorar as condiçöes do mercado5. Além destas medidas de infra-estrutura, sólidos argumentos económicos justificam a aplicaçäo imediata de uma aproximaçäo comunitária a diversas áreas das TI, o que é especialmente válido quanto às Telecomunicaçöes mas também quanto a outros sectores com preponderância de componentes das TI.

50. A Secçäo II do presente documento será consagrada à exposiçäo do conteúdo e alcance do ESPRIT, à luz das melhorias que o projecto poderá trazer à execuçäo industrial. 5 A Comunidade lançou já diversas acçöes na área das TI abrangendo aspectos específicos que säo complementares dos aspectos focados pelo ESPRIT: - um programa plurianual de informática englobando medidas destinadas a facilitar a introduçäo às TI; - o projecto INSIS/CADDIA referente à introduçäo das TI nas instituiçöes comunitárias e nas administraçöes dos Estados Membros; - um programa de micro-electrónica visando o avanço das técnicas específicas de concepçäo e produçäo, na área das TI.

SECÇÄO II OBJECTIVOS ESPECïFICOS E SECTORES DE ACTIVIDADE DO ESPRIT ÅREAS TECNOLOGICAS FUNDAMENTAIS: NECESSIDADE DE SELECTIVIDADE

1. O objectivo estratégico geral do ESPRIT é fornecer à indústria europeia das TI a tecnologia de base de que carece para enfrentar a concorrência dos Estados Unidos e do Japäo no decurso da próxima década.

2. Devido ao rápido crescimento da procura de informaçäo e comunicaçäo em todos os sectores da vida, as TI tornaram-se indispensáveis a todo o tecido económico. Dentro de pouco tempo, cerca de 70% da economia recorrerá, de um modo ou de outro, aos computadores e a outros produtos informáticos.

3. Durante as duas ou três últimas décadas, a tecnologia desenvolveu consideravelmente as possibilidades de melhorar os meios de comunicaçäo. O mesmo impulso tecnológico subsiste ainda e nada perdeu do seu vigor. É possível identificar nesse processo um certo número de tendências,entre as quais se apontam: - a crescente repartiçäo física das funçöes de tratamento da informaçäo, o que permite o acesso a distância e a exploraçäo em cooperaçäo através das ligaçöes de banda larga; - o desenvolvimento electrónico de bases de dados postas à disposiçäo de um número sempre crescente de interessados nos sectores da indústria, terciário e doméstico; - o aumento dos níveis de interacçäo entre o homem e a máquina, através da interface entrada/saída.

4. Se extrapolarmos a partir destas tendências, poderemos concluir que os anos 90 seräo os da fusäo dos sistemas e serviços de informaçäo até entäo separados, mediante as redes regionais e locais. As redes públicas, tais como a Rede Digital de Serviços Integrados (RDSI), difundiräo os dados através de ligaçöes de banda larga, incluindo satélites, e alcançaräo os lares, os escritórios e as fábricas por intermédio de linhas alugadas para transmissäo de dados sob a forma digital. As redes locais seräo conectadas por meio de portas e formaräo grandes redes regionais.

5. Será realizada uma interface entre os utilizadores das redes regionais por meio de terminais ou postos de trabalho, dando acesso a uma vasta gama de serviços: negócios, educaçäo, lazeres, comunicaçöes pessoais.

6. No decurso dos anos 1990 e posteriormente, todos os sistemas de informaçäo se caracterizaräo por uma progressiva inteligência da máquina. Essa inteligência traduzir-se-á por um comportamento adaptável e pela possibilidade de processar o conhecimento de preferência ao tratamento de dados; pela capacidade de compreender a palavra, de aceitar textos impressos, manuscritos, ou gráficos. A máquina será sobretudo de maior auxílio e mais sensível aos utilizadores humanos de sistemas de informaçäo. As máquinas construídas para fins como os transportes, as actividades industriais, a defesa e a medicina teräo capacidade e comportamento muito mais sofisticados. Seräo cada vez mais "conscientes" do ambiente e poderäo adaptar as suas operaçöes às alteraçöes circunstanciais.

7. Em poucas palavras, será instaurada uma interacçäo sempre mais íntima entre o homem e a máquina a todos os níveis e em todos os sectores da economia e da sociedade. Estes factos e tendências teräo duas repercussöes óbvias: . um crescente número de indivíduos deverá aprender a servir-se desta tecnologia . a utilizaçäo dos produtos da tecnologia deverá ser cada vez mais fácil, e cada vez mais eles seräo integrados no padräo do nosso quotidiano, tanto no trabalho como em casa. A primeira destas repercussöes tem fortes consequências no ensino e na formaçäo, mas dela näo nos ocuparemos por estar fora do âmbito da presente comunicaçäo. A segunda permitirá à tecnologia ultrapassar os desafios que terá de enfrentar durante os próximos dez anos.

8. Procedamos a uma análise mais pormenorizada da situaçäo. Esta aproximaçäo do utilizador significa que o nível da interface homem/máquina deverá ser elevado. Os computadores e os outros sistemas de TI deveräo estar em condiçöes de comunicar com o utilizador por meios mais "habituais" do que actualmente. Deveräo compreender a linguagem natural, a palavra e o texto manuscrito, sem dúvida dentro de certos limites. A comunicaçäo tornar-se-á mais interactiva: o utilizador explorará com o sistema as diferentes maneiras como este o poderá ajudar no seu trabalho, a resolver o seu problema ou a obter a informaçäo de que necessita. O modo de comunicaçäo entre o homem e a máquina afastar-se-á cada vez mais das instruçöes detalhadas e específicas, necessárias à execuçäo de operaçöes pontuais, para se orientar no sentido das descriçöes das unidades de trabalho mais importantes, deixando ao sistema o cuidado de ordenar a sequência pormenorizada das instruçöes que requer para desempenhar a sua tarefa. Conforme a sua "inteligência" aumenta e conforme executa trabalhos mais ambiciosos e menos específicos, o sistema poderá descobrir certas ambiguidades ou contradiçöes da parte do utilizador e ser levado a dialogar com ele para que formalize com precisäo os seus desideratos. Ao mesmo tempo, o sistema deverá compreender melhor o que faz, para poder explicar ao utilizador a razäo por que chegou a determinado resultado e o modo como deve agir se esse resultado näo satisfizer.

9. Existem três outros imperativos. O primeiro é que o utilizador deve ter fácil acesso a todas as fontes de informaçäo que lhe interessem para resolver o problema que tem em mäos, no momento em que precise e independentemente da sua localizaçäo física. Isso de modo algum significa uma centralizaçäo do tratamento ou das bases de dados. Bem pelo contrário, daí resulta a necessidade de redes locais e redes regionais interconexas e de toda a forma possível de processamento distribuído. Convém sublinhar que, para possibilitar a interconexäo de todos os serviços das TI, é indispensável estabelecer normas para as respectivas interfaces. O segundo imperativo é o da garantia de execuçäo dos sistemas. Uma vez que toda a gente se torne dependente destes sistemas para a realizaçäo de um crescente número de tarefas, o seu tempo de capacidade de operaçäo sem falhas terá de ser aumentado. A falha de um sistema näo pode paralizar toda uma fábrica ou toda uma unidade económica. A dificuldade agravar-se-á, evidentemente, pelo facto de mais pessoas se servirem desses sistemas e de essas pessoas serem cada vez menos "profissionais", correndo portanto o risco de utilizar mal os sistemas, ou de forma näo prevista por aquele que o concebeu. Por outro lado, facilitar a utilizaçäo de um sistema significa torná-lo mais complexo interiormente, o que também acresce as possibilidades de erro ou disfuncionamento do equipamento ou do suporte lógico. Além disso, como deve existir uma interface entre esses sistemas e grande número de outros, é maior a sua complexidade interna, o que uma vez mais se reflecte no período de tempo garantido para a sua operacionalidade sem falhas. O terceiro imperativo é a melhoria das condiçöes de segurança. Sendo mais informaçöes postas à disposiçäo de mais pessoas, e multiplicando-se as interconexöes, a protecçäo dessas informaçöes terá de ser consideravelmente reforçada.

10. Cada um dos factores-chave acima referidos (interfaces de mais alto nível, tratamento mais inteligente, interactividade, interconexäo, tempo de operacionalidade garantida e segurança) representa um desafio capital no plano tecnológico1. No seu conjunto, estes elementos lançam um desafio de peso que o ESPRIT se propöe aceitar.

11. Todos os factores a que acima nos referimos exigem progressos consideráveis a nível do suporte lógico. O aumento da sua complexidade, aliada à interactividade e à garantia do tempo de operacionalidade sem falhas, subentende um crescimento muito nítido da capacidade de tratamento, que só poderá ser realizado pelo desenvolvimento dos componentes (micro-electrónicos) e das arquitecturas de sistema (combinaçäo em sistemas do equipamento e do suporte lógico). 1 A ilustrar a importância do desafio, um exemplo concreto: tomemos uma interface de alto nível capaz de entender e sintetizar a voz humana. A realizaçäo prática de uma máquina deste género deveria inspirar-se em trabalhos abrangendo vasto espectro de disciplinas científicas, como as matemáticas, a informática e a tecnologia dos semicondutores, a teoria da informaçäo e a linguística. Ela exigiria o desenvolvimento e a verificaçäo de algorítmos especiais para reconhecimento das estruturas, de uma arquitectura de processo convenientemente adaptada e capaz de grande velocidade, de conversores analógico-digitais e digital-analógicos de alta precisäo e de capacidade de cálculo ultra rápida. Para resolver o problema do reconhecimento em tempo real (0,5 segundos de tempo máximo de resposta) de um vocabulário limitado mediante um circuito integrado especial, seria necessário que o tempo de resposta deste último fosse de 100 pico-segundos, no máximo, e a densidade de cerca de 50 000 componentes/"chip". Quanto à soluçäo do problema de reconhecimento do discurso contínuo, em termos de uma típica unidade de medida de processamento de dados, isso exigiria uma capacidade de tratamento igual a 1 000 Milhöes de Instruçöes Por Segundo (MIPS). Para fabricar um "chip" com as características descritas, seria necessário dominar o processo de produçäo bipolar da dimensäo mínima de 1 micron, quando actualmente é de 2 ou 3 microns. Seria, pois, indispensável toda uma gama de melhorias tecnológicas (estruturas de emissäo de base de camada mais fina, técnicas de epitaxia fina - 0,5 micron -, materiais mais puros, etc.). Para obter velocidades de processamento da ordem requerida para o reconhecimento do discurso contínuo, partindo de 30/50 MIPS, velocidade hoje realizável, näo só é preciso elevar a densidade e a rapidez do circuito ao nível acima indicado, como também abordar a arquitectura do computador sob um ângulo totalmente novo. É essa a razäo por que o ESPRIT insiste particularmente nessas duas áreas. Além disso, os dois sectores em que as TI causaräo maior efeito na vida económica - o escritório e a fábrica - foram seleccionados como áreas de aplicaçäo de base e bancos de ensaios tecnológicos. Estas cinco áreas, estreitamente ligadas2, seräo adiante estudadas mais demoradamente.

12. Três destas áreas dependem das tecnologias-chave que constituem o âmago das TI e que permitem fazer face aos requisitos de todo o sistema de TI: - A micro-electrónica avançada é a tecnologia que constitui a estrutura física de todo o sistema de informaçäo. Engloba a possibilidade de conceber, fabricar e experimentar os dispositivos CIMLE em silício ou outros materiais semi-condutores. Abrange principalmente a investigaçäo em opto-electrónica, os sistemas de processamento óptico digital e sistemas 2 Para efeitos de apresentaçäo e discussäo, é mais expedito agrupar as diferentes actividades identificadas em sectores mais ou menos homogéneos. Convém, no entanto, frisar que esta classificaçäo näo é inerente à natureza dos trabalhos. Seria falso, senäo desastroso, tratá-las como áreas separadas. A figura 1, no fim desta Secçäo II, ilustra por meio de gráfico a relaçäo entre as áreas de I&D e os principais sectores de aplicaçäo das TI. de visualizaçäo. - A tecnologia do suporte lógico, como o seu nome indica, diz respeito ao meio de controlo do comportamento de todo o sistema de TI (ou seja, o suporte lógico), e tem por fim integrar numa tecnologia coerente o conhecimento científico, as práticas e métodos de engenharia, bem como as técnicas de gestäo, necessárias ao desenvolvimento, à produçäo e à manutençäo do suporte lógico. - O tratamento avançado da informaçäo relaciona-se com a combinaçäo arquitectural do equipamento e do suporte lógico, necessária à efectivaçäo do salto qualitativo que permitirá passar do actual tratamento da informaçäo para o do conhecimento, chave da próxima geraçäo de computadores. Cabe-lhes fornecer, entre outras coisas, a base para o desenvolvimento de sistemas de grande velocidade de processamento de sinal em tempo real (p.ex., para entrada da palavra), de sistemas peritos3 e de sistemas de informaçäo fundados no conhecimento em geral. Este subprograma constitui o cerne do tema, a desenvolver a longo prazo, da inteligência da máquina, talvez o mais prometedor dos conceitos que orientam os sistemas de informaçäo do futuro. 3 Existem sistemas com bases de dados e suporte lógico associados que permitem ao utilizador manter com eles um diálogo aparentemente inteligente, e em linguagem orientada para o utilizador. O domínio destas três tecnologias constitui a chave de toda a aplicaçäo que representa o principal elemento da competitividade da indústria das TI.

13. As duas outras áreas propostas foram escolhidas devido ao seu potencial de crescimento e ao seu impacto sobre outros grandes sectores industriais, bem como pela extensäo do espectro tecnológico em que se baseia o seu desenvolvimento. - A burótica constitui um sector das TI em plena ascendência e reveste-se de uma importância estratégica capital para a eficiência dos negócios e do comércio na Comunidade; requer progresso em vasto âmbito tecnológico, representando portanto o melhor banco de ensaios de resultados de I&D nas três áreas-chave já citadas. Além disso, o avanço da burótica terá repercussäo directa sobre todo o sector de serviços e também na área da automatizaçäo doméstica. - A produçäo integrada por computador (PIC) reveste-se, também ela, de grande importância estratégica para o sobrecarregado sector de produçäo da Comunidade, nomeadamente no que toca à produçäo por pequenos lotes de peças discretas (70% dos artigos fabricados na Comunidade, säo-no em pequenas séries). A PIC implica a total integraçäo do processo de fabrico por meio de computadores, sensores e sistemas de controlo automático a todos os níveis e em todos os graus. Como tal, constitui um excelente banco de ensaio para a I&D no sector da intercomunicaçäo homem/máquina.

Acçöes Específicas do ESPRIT

14. Para garantir a aquisiçäo de TI de capacidade tecnológica adaptada aos objectivos requeridos pela indústria europeia é necessário um maior esforço de I&D, abrangendo simultaneamente todos os sectores indicados; para tanto, será preciso reagrupar todos os recursos disponíveis na Comunidade.

15. A indústria deverá ser o factor principal e a força motriz dessa tarefa, mas deverá dispor, por um lado, da contribuiçäo dos meios universitários e, por outro, da participaçäo activa dos futuros utilizadores, assim como do apoio das autoridades públicas a nível nacional e comunitário.

16. Os programas nacionais tiveram papel relevante no apoio de I&D prestado ao sector das TI e a outras áreas relacionadas, mas tiveram certos efeitos secundários indesejáveis, tais como a fragmentaçäo do mercado e a dispersäo dos recursos.

17. O primeiro polo de acçäo proposto pelo ESPRIT é o aumento da eficiência e a reduçäo dos efeitos negativos destes programas, graças à consulta sistemática de todos os interessados durante toda a planificaçäo e execuçäo dos programas, a fim de atingir uma maior selectividade de ataque e uma eficácia geral melhorada.

18. Todavia, uma coordenaçäo eficaz näo pode fazer-se no vazio, sem um objectivo concreto de interesse comum a unir todos os participantes e a focalizar a sua atençäo.

19. Donde, o segundo polo de acçäo do ESPRIT: a persecuçäo, graças a esforços concorrentes e cooperantes, de um certo número de objectivos tecnológicos extremamente ambiciosos dos quais toda a Comunidade beneficiará, e que só poderäo ser realizados, à intensidade e ao ritmo desejados, mediante uma aproximaçäo comunitária conjunta.

20. Para identificar e seleccionar as áreas específicas de I&D que respondem a esta necessidade, os serviços da Comissäo tiveram de recorrer à contribuiçäo e aos pareceres de eminentes cientistas e engenheiros da indústria, das universidades e das instituiçöes de investigaçäo de todos os países comunitários. Duzentas pessoas responderam a esse apelo e colaboraram neste trabalho durante um período de cerca de um ano; o resultado dessa actividade, contido em vários relatórios de mais de um milhar de páginas, é exposto sucintamente na Secçäo III do presente documento. A parte A do anexo ao projecto de decisäo define as áreas principais e os objectivos essenciais dos trabalhos propostos.

21. Quando da análise e selecçäo das acçöes de I&D, que se convencionou fossem empreendidas em regime de cooperaçäo por empresas concorrentes no mercado, procurou-se garantir que tais acçöes se situassem sempre bastante a montante do produto (isto é, que fossem pré-competitivas), mantendo-se porém suficientemente próximas da aplicaçäo potencial, para näo se dissociarem dos requisitos previstos pela indústria e pela sociedade (ou seja, para que pudessem oferecer certas possibilidades reais).

22. As discussöes sobre o conteúdo dos trabalhos de investigaçäo comuns conduziram também à análise das condiçöes em que tais trabalhos poderiam ser efectuados. Teoricamente, seria possível organizar várias equipas de investigaçäo em alguns laboratórios públicos ou privados e concentrar neles a maior parte dos trabalhos. Apesar das dificuldades práticas ligadas à deslocaçäo de técnicos entre diferentes países, essa concentraçäo far-se-á sem dúvida espontaneamente no caso dos pequenos projectos que exigem poucas infra-estruturas. O mesmo näo poderá dar-se em relaçäo aos grandes projectos, que seräo executados em conjunto por duas ou mais das grandes organizaçöes comunitárias que possuem infra-estruturas de investigaçäo próprias.

23. A tecnologia oferece a possibilidade de ultrapassar o inconveniente da distância geográfica e permite às equipas de investigaçäo e desenvolvimento e às pessoas que trabalham em colaboraçäo nos mesmos projectos, ou em projectos relacionados mas em laboratórios ou instituiçöes situados em países diferentes, manter contacto entre si e com os responsáveis da coordenaçäo geral e da gestäo do programa.

24. Entre as acçöes propostas, foi incluído ainda o estabelecimento progressivo de uma infra-estrutura adequada, que permita o intercâmbio de informaçäo necessário ao interesse de todos os que participam no ESPRIT.

Trabalhos de I&D propostos

25. O processo de selecçäo esboçado nos capítulos precedentes foi aplicado a diferentes níveis, partindo da identificaçäo pormenorizada dos objectivos dos trabalhos de investigaçäo nas áreas estratégicas chave.

26. Convém no entanto recordar aqui, antes de apresentar as grandes linhas desses trabalhos, que quanto mais entrarmos em pormenores mais as previsöes perdem validade no tempo. Isto é, embora näo subsistam dúvidas quanto à importância estratégica das cinco grandes áreas identificadas e à amplitude do esforço total requerido para suprir o atraso que se verifica no plano da competitividade, no decurso dos próximos dez anos a validade e a garantia dos objectivos dos trabalhos de investigaçäo e desenvolvimento poderäo ressentir-se. Toda a execuçäo do programa de I&D ESPRIT deverá, pois, ser acompanhada de um controlo dos resultados obtidos na Comunidade e em todo o mundo. E desse processo poderá surgir eventualmente a necessidade de ajustamentos importantes. A estrutura gestionária do programa tem presente essa eventualidade.

27. æ luz do que precede, propöem-se os seguintes trabalhos de investigaçäo:

27.1. Micro-electrónica

27.1.1. Todos os subsistemas micro-electrónicos na área das TI exigem uma melhoria de execuçäo no plano de velocidade operacional, do consumo de energia e dos custos. Um importante factor que permitirá responder a estes imperativos será o aumento da densidade funcional dos circuitos integrados em silício, material em que continuará a ser baseada a maior parte destes circuitos, num futuro previsível. Passando dos actuais processos com a dimensäo de 3 microns a processos baseados em dimensöes de 1 micron, e com o progresso simultâneo na tecnologia de interconexäo, obter-se-á uma decuplicaçäo de velocidade, uma reduçäo do consumo de energia de factor 10 e um aumento da densidade de factor 8. Esta última melhoria fará baixar os custos de produçäo na mesma ordem, e a execuçäo do sistema tornar-se-á mais rápida e menos onerosa.

27.1.2. Para realizar estes objectivos, as metas tecnológicas dos projectos de I&D seräo as seguintes: - tecnologias bipolares de 1 a 0,5 microns, MOS e MOS/bipolar mista. - técnicas de condicionamento e interconexäo para circuitos CIMLE podendo funcionar a uma potência de 5 watts, com 250 K entradas, 400 polos por "chip", e um tempo de transferência que näo exceda 0,1 nano-segundos por entrada. - melhoria de qualidade dos materiais. - tecnologia de interface prestando-se à combinaçäo de uma tensäo e/ou de potências elevadas, e de uma capacidade de tratamento de dados a grande velocidade sobre um mesmo substrato físico.

27.1.3. A realizaçäo do objectivo CIMLE depende tanto do domínio da complexidade da concepçäo como do desenvolvimento da tecnologia do silício. Os actuais utensílios conceptuais estäo longe de permitir a plena exploraçäo do potencial das CIMLE. O programa adoptado pela Comissäo no Regulamento do Conselho 3744/81 é apenas o início de um sistema compreensivo de Concepçäo Assistida por Computador (CAC), que será realizado graças ao ESPRIT.

27.1.4. Deste modo, no quadro deste esforço tecnológico, a iniciativa é baseada no Regulamento do Conselho 3744/81, nas seguintes áreas: - Arquitectura: estrutura de dados, interfaces, verificaçäo dos novos métodos. - Ensaios : produçäo de dados para testagem, capacidade de testagem dos factores de concepçäo, verificaçäo dos dados. - Modelizaçäo : numérica, física, analítica, quadros. - Simulaçäo : simulaçäo a nível do dispositivo (frente/trás), temporizaçäo, simulaçäo funcional. - Linguagens : desenvolvimento de uma linguagem a alto nível, interfaces alto nível/baixo nível, comunicaçäo de bases de dados ascendente e descendente. - Apresentaçäo: compreende normas de bases de dados, empacotamento modular, bibliotecas, acessibilidade para o utilizador, localizaçäo, encaminhamento, sinalizaçäo. Um CAC para CIMLE complexos exigirá o apoio de utensílios informáticos muito potentes, a produçäo destes utensílios dependerá do desenvolvimento de uma tecnologia do suporte lógico poderosa e disciplinada.

27.1.5. A rúbrica geral micro-electrónica engloba também tecnologias que näo estäo rigorosamente ligadas aos CIMLE de silício, tais como as tecnologias de tratamento dos sinais ópticos, bem como a investigaçäo sobre novos materiais orgânicos e inorgânicos.

27.1.6. Para a aplicaçäo das técnicas de informaçäo, será necessário dispor de uma infra-estrutura de telecomunicaçöes adequada, baseada sobre ligaçöes de banda larga, capaz de transportar dados integrados, textos, gráficos e imagens. Estäo já a ser desenvolvidas redes públicas para fornecer esse serviço utilizando fibras ópticas como meio de transmissäo. Outras áreas, tais como as redes locais, escritórios e centros de controlo de processamento estäo inclinados a adoptar a mesma tecnologia. É necessário proceder a investigaçöes que permitam obter circuitos opto-electrónicos integrados por modulaçäo/desmodulaçäo e transmissäo/recepçäo, acompanhadas de acopuladores e interruptores ópticos, bem como de meios de transmissäo por fibras de fraca perda.

27.1.7. A opto-electrónica integrada exigirá uma estrutura de geometria sub-micrónica sobre novos materiais como a Arsenato de Gálio e o Fosfeto de Indio, e seus derivados ternários e quaternários. Estes materiais säo igualmente de interesse para os circuitos lógicos de altíssima velocidade, devido à maior mobilidade dos electröes no material. Por essa razäo se promove a investigaçäo desses materiais.

27.1.8. Säo, por fim, englobadas neste mesmo esforço as investigaçöes sobre sensores integrados "inteligentes" para a automatizaçäo aperfeiçoada, e sobre o aperfeiçoamento das tecnologias de apresentaçäo de imagens, para as quais está prevista uma estreita interacçäo com as actividades nas áreas da produçäo integrada por computador e da burótica.

27.2. Tecnologia do suporte lógico

27.2.1. Nos sistemas das técnicas de informaçäo, a importância do suporte lógico aumenta continuamente, bem como a sua parte nos custos globais dos trabalhos de desenvolvimento. As previsöes indicam que, na próxima década, o custo do suporte lógico atingirá, talvez, 90% do custo total do desenvolvimento dos sistemas. Uma indústria de produçäo de suporte lógico competitiva näo irá reflectir-se apenas nas técnicas de informaçäo: para alcançar competitividade no mercado mundial, toda uma vasta série de produtos industriais dependerá forçosamente das tecnologias de informaçäo, quer para seu desenvolvimento e produçäo, quer porque os elementos que comportam provindos da tecnologia da informaçäo, lhes conferem uma apetência e funcionalidade mais marcadas.

27.2.2. Para o desenvolvimento do suporte lógico, como do equipamento, é indispensável dispor de uma engenharia sólida baseada em conhecimento científico. A tecnologia do suporte lógico visa proporcionar esses conhecimentos, os métodos e os instrumentos necessários ao processo de desenvolvimento do suporte lógico, os princípios de gestäo das tecnologias de informaçäo e a respectiva integraçäo numa tecnologia coerente. O suporte lógico funda-se na matemática, nas ciências de gestäo, na economia e na engenharia tradicional.

27.2.3. A investigaçäo sobre a tecnologia do suporte lógico, na Europa, carece de espírito comunitário e de unidade. Os investigadores do sector industrial, universidades e institutos de investigaçäo apenas comunicam entre si numa medida limitada, em conferências ou por meio de publicaçöes técnicas, mas os seus programas näo säo coordenados nem estruturados com vista a uma aproximaçäo comum. A transferência de tecnologia entre a investigaçäo e a aplicaçäo prática é muito mais lenta na Europa do que no Japäo ou nos Estados Unidos. Uma persistente aversäo à normalizaçäo precoce impede uma interacçäo entre produtos. A futura procura de suporte lógico só poderá ser satisfeita em quantidade e qualidade se a Europa optar por uma aproximaçäo coordenada.

27.2.4. Tradicionalmente, as opiniöes divergem quanto ao que constitui o essencial da investigaçäo relativamente à tecnologia do suporte lógico, e essa divergência de opiniöes deu origem a diferentes aproximaçöes individuais.

27.2.5. Uma dessas aproximaçöes evidencia as bases científicas e abrange áreas tais como as técnicas formais de base matemática, a taxonomia e a métrica, incluindo técnicas empíricas e a disciplina de modelaçäo. Esta concepçäo considera o desenvolvimento do suporte lógico como actividade intelectual, e a respectiva investigaçäo é dirigida a uma melhor compreensäo científica.

27.2.6. Uma segunda aproximaçäo centra-se no processo técnico da produçäo e considera o desenvolvimento do suporte lógico como uma actividade industrial, em cujo âmbito vastos grupos de engenheiros do suporte lógico (profissionais e especializados) criam sistemas de suporte lógico complexos (para estabelecer mas näo para utilizar), apresentados em várias versöes e variantes, destinados a vários mercados e para extensa duraçäo. Os trabalhos nesta área seguem a evoluçäo do modelo do suporte lógico e englobam actividades tais como a análise das necessidades, as especificaçöes, a concepçäo, a execuçäo. A integraçäo completa dos métodos e utensílios, assim como a continuidade entre as diferentes fases, säo aspectos importantes dessa perspectiva. A investigaçäo nesta área é dirigida aos métodos e utensílios, e à sua integraçäo em sistemas completos de produçäo de suporte lógico; o seu objectivo é o domínio do processo técnico de produçäo.

27.2.7. Uma terceira aproximaçäo ocupa-se da organizaçäo global do processo de desenvolvimento do suporte lógico como actividade comercial e industrial, considerando-o um produto, e investiga as suas interdependências entre os fins comerciais de uma empresa e as características técnicas do suporte lógico produzido. Esta concepçäo é também dirigida à questäo da produçäo do suporte lógico de aplicaçäo específica, e ao modo como os conhecimentos relativos à área de aplicaçäo influem sobre os utensílios e os métodos de desenvolvimento do suporte lógico. Entre os seus objectivos figuram os critérios de quantidade segundo os quais se deverá decidir quanto à assistência ao desenvolvimento técnico, do ponto de vista da organizaçäo, métodos e utensílios, e os métodos e utensílios assistidos por computador para a gestäo do processo de desenvolvimento do suporte lógico.

27.2.8. Todas estas concepçöes säo legítimas e importantes em si mesmas, mas näo será realmente possível progredir na via de uma indústria avançada do suporte lógico se a sua aplicaçäo näo for combinada. Por essa razäo todas foram analisadas quando se definiram os três principais temas de investigaçäo escolhidos. Säo os seguintes: 1) Teoria e métodos do programa Os projectos sobre este tema trataräo dos elementos fundamentais do desenvolvimento do suporte lógico e de sistemas, incluindo o próprio suporte lógico. Deveräo produzir teorias e métodos que possam servir de base ao processo de desenvolvimento industrial. 2) Métodos e utensílios da engenharia do suporte lógico Este tema refere-se às aplicaçöes industriais do ponto anterior. Os projectos que engloba visam a produçäo de utensílios e os métodos de os utilizar no meio industrial. 3) Aspectos económicos da produçäo industrial do suporte lógico Os projectos respeitantes a este tema insistiräo sobre o aspecto económico da produçäo de sistemas de suporte lógico pela indústria. O suporte lógico e os sistemas seräo considerados como produtos resultantes do planeamento e da produçäo e destinados a ser comercializados, apoiados, etc. Tais actividades seräo efectuadas segundo as regras do processo industrial.

27.3. Processamento avançado da informaçäo

27.3.1. Os computadores actuais podem resolver os problemas quando se lhes fornece a soluçäo de um problema análogo, sob forma de programa. Os sistemas tradicionais, concebidos para ajudar o homem a coligir e tratar dados, atingiram praticamente o limite das suas possibilidades como utensílios válidos e, muito proximamente, se assistirá a uma modificaçäo fundamental, quando do processamento de dados se passar ao processamento de conhecimento, que será a chave da próxima geraçäo de computadores.

27.3.2. O nível de especializaçäo necessário à interacçäo com a actual geraçäo de máquinas, e a sua interface com o mundo exterior relativamente rudimentar, constituiräo em breve intolerável bloqueio ao desenvolvimento e à difusäo das tecnologias da informaçäo.

27.3.3. Para ajudar o homem a resolver o problema da gestäo de um volume de informaçäo sempre crescente, cada vez mais relacionada entre si, será necessário dispor de sistemas avançados que apreendam a informaçäo directamente, na forma em que é gerada, a relacionem com o conhecimento previamente adquirido (memorizado) e criem novos conhecimentos, aplicando regras e processos de inferência. O Processamento Avançado da Informaçäo (PAI) dirige-se à automatizaçäo da percepçäo e processamento de sinais e à automatizaçäo dos processos de raciocínio, com o objectivo de combinar essas duas funçöes num só sistema capaz de uma forma de comportamento "inteligente".

27.3.4. Até aqui, os esforços efectuados para a exploraçäo dos resultados das investigaçöes sobre "inteligência artificial" (IA), com vista às suas aplicaçöes práticas, foram poucos e apenas conheceram modesto sucesso. No entanto, certas condiçöes que permitem uma exploraçäo industrial da inteligência artificial estäo agora a revelar-se. Os progressos da micro-electrónica, das novas arquitecturas de processadores e de sistemas, permitem utilizar e aperfeiçoar as técnicas informáticas em matéria de IA. Chegou-se ao ponto em que é possível empreender a investigaçäo prática e o desenvolvimento em duas áreas principais: a percepçäo e processamento de sinais, a representaçäo do conhecimento e a inferência. Além disso, os trabalhos elaborados sobre ergonomia cognitiva deveräo conduzir aos princípios conceptuais de sistemas homem/computador, orientados para a assistência total ao utilizador no processo de comunicaçäo, e livres das limitaçöes artificiais impostas pela actual insuficiência de equipamento de cálculo, pela sua arquitectura e suporte lógico.

27.3.5. Nos últimos anos foram desenvolvidos sistemas e protótipos experimentais - por exemplo, para soluçäo de problemas matemáticos e para o raciocínio geomátrico, para o ensino e diálogos simples - que revelam considerável potencial e cujo estudo deverá ser intensificado. A Europa está em atraso nesta matéria.

27.3.6. O presente programa tem por objectivo atingir uma fase em que a exploraçäo industrial da tecnologia do tratamento avançado da informaçäo se torne possível na Comunidade. Para esse fim, requerem-se trabalhos de investigaçäo e desenvolvimento nas seguintes áreas principais:

27.3.7. Engenharia de informaçäo e de conhecimento Os trabalhos de I&D necessários para atingir uma fase em que os produtos industriais possam basear-se na tecnologia do sistema perito englobam os seguintes pontos: . Selecçäo de formas de representaçäo para sistemas à base do conhecimento. . Métodos de captaçäo de dados e de deduçäo de factos a partir dos dados. Deveräo ser desenvolvidos um equipamento especial e estruturas algorítmicas. . Síntese de novas e adequadas arquitecturas equipamento/suporte lógico, para servirem de apoio aos sistemas de base de conhecimento. . Concepçäo de Sistemas de Bases de Conhecimento (SBC) em áreas específicas, verificaçäo do seu comportamento e utilidade prática. . Concepçäo e avaliaçäo dos utensílios de concepçäo e execuçäo, métodos de concepçäo, exploraçäo e avaliaçäo de sistemas peritos.

27.3.8. Processamento de sinais e interfaces externas A interface de um sistema de processamento avançado de informaçäo (TAI) deve assegurar certas funçöes na área do processamento de reconhecimento de sinais, de modo a poder recolher informaçöes directas. Outro objectivo do programa de investigaçäo é, portanto, a compreensäo dos sinais, para permitir ao computador transformar os conjuntos de dados observados em conhecimentos, que seräo ampliados de modo a englobar a formulaçäo de regras para o conhecimento do mundo. A investigaçäo de arquitecturas e interfaces que revelem as características desejadas deverá fundar-se também nos resultados dos estudos efectuados sobre sistemas naturais e psicologia aplicada. Modelos de comportamento cognitivo de indivíduos e de comportamento social de grupos deveräo levar à concepçäo de linhas directrizes que possibilitem a utilizaçäo prática. As áreas de investigaçäo englobam: - estudos do comportamento humano para identificar as características de concepçäo desejadas e as fraquezas indesejáveis em produtos de interface, - estudo de representaçöes formais alternativas do conhecimento do mundo exterior, - algoritmos e arquitecturas para análise de sinais, - selecçäo de "candidatos" a reconhecimento com probabilidades associadas, - o papel da inferência no processo de reconhecimento humano, - apreensäo da semântica da prosódia, da entoaçäo, etc., do discurso humano.

27.3.9. Acumulaçäo e uso de informaçäo/conhecimento As bases de conhecimento têm em memória informaçöes que comportam o julgamento da significaçäo e do valor, assim como regras de interpretaçäo; as meta-regras podem controlar a aplicaçäo de regras. Nas bases de dados estruturadas com ponteiro ou nas bases de dados relacionais, os métodos de acesso efectuam o desreferenciaçäo dos critérios de acesso; os métodos de desreferenciaçäo automática em bases de conhecimento, ainda näo säo claros. O essencial do trabalho consistirá em estabelecer as interfaces, as linguagens, o equipamento e a tecnologia do suporte lógico necessários à construçäo, distribuiçäo repartiçäo funcional e estruturaçäo hierárquica (ou outra) das bases de dados e das bases de conhecimento, incluindo a formulaçäo de acessos à inferência e à interrogaçäo de dados, a níveis que väo da área visível para o homem aos domínios próprios da nova geraçäo de sistemas.

27.3.10. Arquitectura dos computadores O interesse económico inteiramente novo da lógica, da arrumaçäo de células e sua interconexäo, que se devem à técnica de Circuitos Integrados de Muito Larga Escala (CIMLE), tornam prometedora a procura de modelos manuseáveis de tratamento de dados que possuam as seguintes propriedades: . alguns tipos de células com elevado grau de resposta, . localizaçäo computacional em (grupos de) células, . fluxo de controlo e de dados breve e regular, . utilizaçäo minimalizada de saídas ou de linhas de grande "fan-out", . comunicaçäo altamente contextual entre células/grupos/nós, . alto grau de concorrência assíncrona entre células/grupos/nós. Além disso, para se poderem explorar as arquitecturas perfeitamente paralelas oferecidas economicamente pela técnica de CIMLE, é necessário efectuar ainda muita investigaçäo nesta área para desenvolver algoritmos que permitam e apoiem a avaliaçäo paralela, as linguagens e os ambientes adequados.

27.3.11. Objectivos e métodos conceptuais A aproximaçäo rigorosa das especificaçöes e da concepçäo susceptíveis de serem convertidas sistematicamente em implementaçöes provavelmente correctas, o controlo dos sistemas actuais em uso, a verificaçäo de coerência a alto nível säo áreas que convém aprofundar. A avaliaçäo técnica das regras de risco, os mecanismos de avaliaçäo dos sistemas peritos e dos métodos de prova formal devem igualmente ser estudados. Dado que os sistemas devem funcionar continuamente, será necessário prever técnicas que tolerem erros, controlem e reparem em linha os sistemas a todos os níveis de segurança: a segurança dos sistemas informáticos deve ser melhorada para poder opor-se às tentativas de penetraçäo. Na área de concepçäo de CIMLE, a complexidade dos circuitos atinge um nível muito difícil de dominar. Os métodos de concepçäo e os utensílios formais deveräo ser revistos e aperfeiçoados, de modo a possibilitar a rápida concepçäo de "chips" complexos. Só com "compiladores de silício", que incorporam substancial conhecimento tecnológico e permitem aos criadores a especificaçäo dos seus circuitos a um elevado nível de abstracçäo da realizaçäo física, será possível desenvolver "chips" de crescente complexidade para as tecnologias de informaçäo.

27.4. Burótica

27.4.1. O verdadeiro desafio a longo prazo, proposto às tecnologias de escritório, será a prestaçäo de apoio a toda uma vasta gama de tarefas näo determinísticas efectuada pelos "trabalhadores de conhecimento" (a grande maioria dos empregados de escritório), e näo unicamente a mecanizaçäo de um estreito espectro de trabalhos repetitivos estruturados, como escrever à máquina. No decurso dos próximos vinte anos prevê-se que a Burótica: - represente o maior mercado potencial das Tecnologias de Informaçäo, estimado em 100 biliöes de ECUs por ano, a nível mundial, em 1990, contra 29 biliöes de ECUs, previstos para o conjunto dos sectores de fabrico e processamento industrial; - represente a maior parte da melhoria potencial da eficiência comercial global, enquanto que a produtividade dos sectores industriais conhecerá provavelmente ritmos de crescimento mais lentos do que no passado; - traga soluçöes inteiramente novas ao problema da divisäo do trabalho homem/máquina e homem/homem.

27.4.2. Há indícios de que os Estados Unidos e o Japäo têm possibilidades de dominar este mercado e de exportar com sucesso crescente, partindo de um mercado nacional homogéneo para uma Europa que está longe de estar unificada. Esta ofensiva é apoiada pelo estrondoso progresso da investigaçäo em matéria de conceitos avançados, de que dependerá o crescimento dos futuros sistemas (linguagens naturais, apoio ao processo de decisäo). Nos Estados Unidos, as grandes empresas investem individualmente neste sector mais do que a indústria e as universidades europeias combinadas, e o Programa Japonês de Sistemas Informatizados da 5.ª Geraçäo de Computadores tem por objectivo aplicaçöes deste tipo.

27.4.3. Abandonar este negócio potencial aos concorrentes näo europeus näo só significa a perda de um mercado de ponta para os fornecedores de Burótica Europeia, como torna todo o comércio e toda a indústria da Europa tributários de fontes exteriores, numa área em que os factores socio-culturais têm preponderância e a sua orientaçäo doméstica seria a preferível. Significa, ainda, a introduçäo de práticas comerciais e regras de funcionamento conformes às estratégias estrangeiras, e a perda duma oportunidade óptima de capitalizar sobre a singularidade e a diversidade de características da cultura europeia, capazes de garantir um ambiente de trabalho mais eficaz e atraente. A definiçäo dos objectivos da burótica e a sua conversäo em realizaçöes estäo altamente dependentes de muitos conceitos culturais locais, o que torna difícil as tarefas, visto näo existir disciplina científica a esse respeito. Para compreender como actuam os factores humanos, as possibilidades técnicas e as suas consequências culturais, sociológicas e industriais, é preciso possuir aptidöes que, até agora, raramente se encontram em organizaçöes sociais. Por si só, a tecnologia näo é suficiente. Os seres humanos estäo intimamente ligados aos sistemas a desenvolver, e toda a tentativa de introduzir esses sistemas, sem ter em conta o contexto cultural e as aspiraçöes dos utilizadores está votada ao insucesso.

27.4.4. Tal como será necessário prosseguir as investigaçöes sobre a tecnologia do equipamento, para adequado apoio dos conceitos dos sistemas da burótica, torna-se evidente que as consideraçöes respeitantes à arquitectura e ao suporte lógico deveräo exigir a máxima atençäo dos investigadores, para que as tecnologias da informaçäo sejam amplamente aceites no escritório. Além disso, o impacto da integraçäo do homem e das tecnologias de informaçäo é a maior incógnita para a determinaçäo do ritmo a que poderá ser introduzido o novo equipamento de escritório. A interface entre o homem e as redes informáticas mudará dramaticamente o mundo. Assim, seria irracional lançarmo-nos numa investigaçäo e desenvolvimento intensivos sobre a interface homem/máquina sem, e simultaneamente, estudar o seu impacto no indivíduo (educaçäo, dignidade do ser humano), no ambiente profissional (número de postos de trabalho, qualidade do trabalho) e na sociedade (sistema de ensino, processo democrático).

27.4.5. Nesta perspectiva, há que considerar cinco principais áreas de investigaçäo: - Ciência dos Sistemas Buróticos, como condiçäo prévia da análise estrutural e funcional, descriçäo dos procedimentos de escritório e da concepçäo de produtos e sistemas buróticos adaptados; definiçäo de normas. Três áreas principais de investigaçäo que abrangem as três actividades básicas do escritório (criaçäo/distribuiçäo, transmissäo e armazenagem/recuperaçäo de informaçäo); - Terminais de trabalho de escritórios; linguagens de descriçäo de documentos, criaçäo e distribuiçäo de documentos, interfaces homem/máquina; - Sistemas buróticos de comunicaçäo, incluindo as redes locais e suas interconexöes, comunicaçäo interactiva integrada texto-voz-imagem-video e funçöes de valor acrescentado. - Sistemas buróticos de arquivo e recuperaçäo, com ênfase na facilidade de acesso e na recuperaçäo de "conhecimento", nas bases de dados identificáveis por conteúdo e estrutura, nas linguagens de documentaçäo de escritório. E uma quinta área: - Factores humanos, englobando todos os aspectos da interacçäo entre o homem e os sistemas de processamento da informaçäo.

27.5. Produçäo integrada por computador

27.5.1. Uma das razöes principais por que se escolheu esta área específica é a significativa perspectiva de mercado4que dela se espera e o acolhimento positivo, que se crê venha a ter, na produtividade industrial.

27.5.2. O objectivo geral da produçäo integrada por computador (PIC) é o de criar uma base tecnológica para a introduçäo progressiva de auxiliares informáticos em todas as fases da produçäo industrial de bens. A produçäo integrada será o resultado final da aplicaçäo deste conceito. Os futuros sistemas de produçäo integraräo funçöes como o "design" assistido por computador (DAC), a produçäo assistida por computador (PAC) e os testes assistidos por computador (TAC), graças à criaçäo de uma base de dados comum, que actua como espinha dorsal do sistema de produçäo integrada por computador (PIC).

27.5.3. O termo geral "produçäo integrada por computador" designará esse conceito generalizado de produçäo eficiente e flexível de elementos discretos, que é consequência da completa integraçäo de computadores e/ou sistemas de controlo automático a todos os níveis de funcionamento da fábrica. As principais áreas seleccionadas para os trabalhos de I&D säo as seguintes: 4 (A General Electric Corporation USA prevê um mercado mundial de 29 biliöes de ECUs em 1991, e um relatório recente de "Estratégias Criativas" prevê, para a robótica, um mercado europeu ocidental de 760 MECUs em 1986.)

27.5.4. O sector da arquitectura de sistemas integrados, abrangendo: - a identificaçäo e desenvolvimento de estruturas gerais de sistemas integrados para sistemas de bases de dados, para dados de engenharia de modelos globais de produtos e dados de fabrico de instalaçöes, máquinas e modelos de utensílios, - sistemas de gestäo de bases de dados, visando assegurar a necessária comunicaçäo entre os componentes do sistema de produçäo integrada e as bases de dados.

27.5.5. A área do suporte lógico dos sistemas e do suporte lógico geral, abrangendo: - sistemas de "design" assistido por computador/engenharia assistida por computador, visando melhorar o processo de concepçäo, por abreviaçäo dos prazos de estudo e aumento de precisäo, e estabelecer modelos globais de produtos para ulterior utilizaçäo nas diversas fases do processo de fabrico; - sistemas de produçäo assistida por computador, visando criar estruturas modulares de PAC que permitam todos os tipos de aplicaçäo, em todos os tipos de indústria; - técnicas de teste assistidas por computador/reparaçäo assistida por computador, visando uma melhoria de qualidade do produto, na melhor relaçäo custo/qualidade; - linguagens de comando, visando elaborar módulos de suporte lógico capazes de produzir programas de controlo a partir de dados de simulaçäo/concepçäo/teste, destinados a manipulaçäo robótica, máquinas-ferramenta controladas numericamente e sistemas de produçäo flexíveis.

27.5.6. O sector "controlo por máquinas" engloba: - montagem automatizada e sistemas de conduçäo de montagem, visando estabelecer sistemas de montagem totalmente automatizada; - sistemas de utilizaçäo de robots para os casos em que as exigências a satisfazer, em futuras áreas de aplicaçäo, sejam diferentes das actuais; - tratamento de visualizaçöes (globais e por controlo) para o caso dos futuros sistemas exigirem a utilizaçäo de visualizaçöes complexas, "sensory input" para aplicaçäo da PIC, em áreas como montagem, fabrico, ensaios, etc; - máquinas-utensílios controladas numericamente por computador, para novas áreas de aplicaçäo no âmbito da modelaçäo de metais e de outras indústrias de engenharia mecânica que eventualmente surjam.

27.5.7. O sector "componentes" abrange: - sensores, em que se requer progresso, tendo em vista o futuro desenvolvimento dos sistemas de fabricaçäo avançada e automatizada; - sub-sistemas micro-electrónicos, orientados para a integraçäo de sub-sistemas completos em simples "chips".

27.5.8. Por outro lado, säo propostos modelos de operaçäo como estímulo para manter o programa de investigaçäo e desenvolvimento recomendado na linha dos seus objectivos, e como consequência da natureza multi-vendável do equipamento da PIC. Sugere-se a implementaçäo de certo número de instalaçöes-piloto/centros de desenvolvimento avançado, destinados à demonstraçäo de sistemas avançados de produçäo integrada por computador. As instalaçöes-piloto/centros de desenvolvimento avançado acabariam por constituir bases de centros de investigaçäo mais permanente, ou centros de excelência, onde prosseguiriam as actividades de investigaçäo e desenvolvimento, e que poderiam também proporcionar um serviço de consultoria destinado à indústria. Estes centros serviriam igualmente de bancos de ensaio para experiências e avaliaçäo das técnicas de produçäo integrada por computador e para formaçäo e treino de pessoal e estudantes. As actividades dos centros, como esforço de colaboraçäo, ficariam a cargo das empresas privadas e das universidades ou outros estabelecimentos oficiais de investigaçäo. A implantaçäo dos centros em vários Estados Membros facilitaria e tornaria mais profícua a colaboraçäo, a longo prazo, entre investigadores da Comunidade e de outros países.

27.5.9. Inicialmente, as instalaçöes-piloto/centros de desenvolvimento avançado deveriam abranger, pelo menos, três importantes actividades: - produçäo de elementos pesados, fabrico rigoroso de peças ou sub-conjuntos para máquinas-utensílios ou motores; - produçäo de produtos electro-mecânicos em lotes, tais como electro-domésticos e periféricos das TI; - produçäo de componentes de alta precisäo ou sub-conjuntos, como instrumentos médicos. As instalaçöes-piloto/centros de desenvolvimento avançado proporcionaräo também treino e instruçäo em exercício a engenheiros, técnicos e quadros.

Medidas Infra-estruturais: Sistema de Troca de Informaçäo (STI)

28. Como já se afirmou nos parágrafos 22-24, uma investigaçäo conjunta efectuada a grande escala, como prevê o programa ESPRIT, näo pode repousar apenas na concentraçäo de equipas de investigaçäo e infra-estruturas em alguns centros privilegiados. Ainda que teoricamente concebível, os problemas que uma tal soluçäo arrastaria excederiam os benefícios a retirar do esforço de colaboraçäo.

29. Para garantir uma cooperaçäo eficiente entre os diferentes participantes geograficamente separados, é imprescindível estabelecer uma infra-estrutura que garanta a capacidade de troca de informaçöes que permita responder às necessidades de todos os interessados.

30. Todos os participantes dos projectos I&D, e muitos outros interessados, incluindo as administraçöes dos Estados Membros, deveräo ter fácil acesso à informaçäo documental sobre o próprio ESPRIT, os diferentes sectores técnicos envolvidos e correspondentes actividades efectuadas em outros locais. É pois necessário prover um acesso fácil às bases de dados, regularmente actualizadas.

31. Os directores de projectos deveräo ter fácil acesso às informaçöes respeitantes à gestäo do projecto, aos instrumentos de gestäo do projecto e pacotes de suporte lógico, e dispor de um sistema de mensagens rápido e eficiente, bem como de instalaçöes para preparaçäo de textos. As condiçöes estabelecidas inicialmente para a fase-piloto do ESPRIT deveräo ser progressivamente melhoradas.

32. As pessoas que se ocupam do desenvolvimento e da utilizaçäo do suporte lógico deveräo ter acesso aos respectivos utensílios de desenvolvimento num ambiente progressivamente integrado, e as que estäo ligadas à concepçäo assistida por computador (CAC) e à informaçäo gráfica deveräo ter acesso a utensílios potentes para a criaçäo, gestäo e transmissäo dessa informaçäo, por meio de dispositivos periféricos avançados (conversores, visores, registadores, etc.).

33. A maior parte das equipas de investigaçäo, qualquer que seja a sua área, deveräo também dispor de acesso à distância a outras instalaçöes e ambientes informáticos, muitas vezes em diferentes modelos de máquinas.

34. Os requisitos funcionais de um Sistema de Troca de Informaçöes (STI) que responda a todos os referidos condicionalismos foram definidos por um grupo de trabalho conjunto, constituído pela Comissäo e pela indústria.

35. A principal característica do STI, no contexto do ESPRIT, é a de constituir um utensílio de trabalho destinado à investigaçäo e näo um tema de investigaçäo em si mesmo. A implementaçäo do STI deverá possibilitar uma rápida incorporaçäo das recentes técnicas resultantes de trabalhos de I&D, mas deverá ser fundamentada em tecnologias e serviços com maturidade e experiência.

36. Com base na avaliaçäo de capacidades já disponíveis, ou que provavelmente o seräo a curto ou médio prazo, e considerando a necessidade de dispor de um sistema susceptível de evoluir em funçäo das necessidades do utilizador e das vantagens do progresso técnico, foram fixados os seguintes requisitos básicos: - mensagens informatizadas e serviços de consulta - condiçöes para preparaçäo de textos comuns - recuperaçäo de informaçäo (documental e outra) - ambiente integrado pelo desenvolvimento do suporte lógico, que inclua condiçöes que permitam programas de execuçäo remota para transferência de processos, e todos os aspectos da gestäo do suporte lógico. - capacidades gráficas, inicialmente via fac-simile, e em particular fac-simile digital, sem excluir ulterior transferência de informaçäo gráfica entre sistemas informáticos, conforme a evoluçäo dos métodos de codificaçäo e das capacidades de transmissäo.

37. A multiplicidade e a diversidade destes requisitos, a inerente falta de estimativas exactas do volume de dados, número de utilizadores, etc., e a respectiva taxa de crescimento durante os próximos 10 anos criam a necessidade de um sistema flexível, evolutivo e rigorosamente baseado em normas europeias e internacionais.

A Dimensäo do Esforço do ESPRIT

38. Nos parágrafos precedentes ficaram indicados: - Os objectivos tecnológicos - Os critérios de selecçäo utilizados na elaboraçäo do programa - Os cinco principais tópicos inter-relacionados e a infra-estrutura do STI proposto. Foi elaborada uma cuidadosa análise dos recursos necessários à execuçäo do programa e à realizaçäo dos seus objectivos. Passamos a resumir esses requisitos e a inseri-los em contexto mais vasto.

39. Os principais condicionalismos limitativos levados em conta säo os níveis de recursos financeiros e humanos da indústria e das universidades, o nível da despesa pública nos Estados Membros, e o nível de investimento global dos nossos maiores concorrentes em trabalho de I&D. Considera-se também essencial, do ponto de vista industrial, a quebra entre desenvolvimento, o trabalho de I&D orientado para o produto, e a I&D pre-competitiva, a mais longo prazo.

40. A indústria comunitária de TI produz bens e serviços dum valor anual de cerca de 40 biliöes de ECUs e afecta à I&D cerca de 5 biliöes por ano, o que representa cerca de 10% da despesa global comunitária. Se a mesma proporçäo se mantiver relativamente à despesa pública, teremos que 2 a 2,5 biliöes de ECUs suplementares säo anualmente afectados à I&D na área das TI, ou seja, um montante anual de despesas em I&D nas TI de 7 a 8 biliöes de ECUs, na Comunidade. Este número corresponde a cerca de 20% do esforço mundial consentido nesta área.

41. Se considerarmos que o objectivo da indústria comunitária tem de ser o de atingir uma proporçäo no mercado mundial equivalente à participaçäo que a Comunidade nele representa, isto é, 30%, os números do parágrafo precedente permitem-nos concluir que, considerando que a indústria comunitária de TI faz já grandes esforços em I&D, e despende de facto, em média, mais em I&D do que os seus maiores concorrentes, o esforço näo é suficiente em relaçäo ao volume real da verba consagrada a I&D pelos seus concorrentes, nem à dimensäo do mercado cobiçado. Esta relativa fraqueza afecta, por outro lado, a natureza dos trabalhos, pois leva as principais empresas a privilegiar as actividades a curto prazo, orientadas para os produtos, em detrimento dos trabalhos estratégicos, a longo prazo, de I&D, que constituiräo a base da próxima geraçäo de produtos.

42. Um crescimento substancial e uma racionalizaçäo substancial seräo, pois, indispensáveis. O primeiro requer largo tempo de construçäo; a última pode ser empreendida imediatamente.

43. Se bem que o ESPRIT seja mais vocacionado para promover a racionalizaçäo do que para proporcionar um decisivo aumento de recursos financeiros, a amplitude do esforço que se propöe mobilizar terá de ser na razäo do impacto que espera alcançar. Tal impacto poderá ser avaliado, grosso modo, em termos do mercado e do nível real da despesa corrente. O montante total da despesa da indústria em investigaçäo e desenvolvimento respeitante a TI, na Comunidade, pode ser estimado em cerca de cinco biliöes de ECUs por ano: destes, uma fracçäo insignificante é consagrada na Europa a I&D pré-competitiva, a longo prazo, comparada com os 5 a 10% que os nossos maiores concorrentes afectam a essas actividades.

44. Para ser válida e para estimular o novo raciocínio estratégico que deve presidir à definiçäo e à execuçäo do programa de I&D, a intervençäo comunitária deve promover um esforço conjunto a longo prazo na área de I&D pré-competitiva, da mesma ordem de grandeza (isto é, 5 a 10% do actual esforço global da indústria). As conclusöes a que se chegou após consulta à indústria, aos governos e aos meios universitários, tendo em conta os limites físicos da realizaçäo progressiva e estruturada das capacidades requeridas, indicaram que um esforço inicial de I&D pré-competitiva, a longo prazo, de cerca de 2 000 homens/ano por ano, a partir do terceiro ano, constitui um objectivo razoável. O quadro 1, a seguir, mostra como os recursos afectados às actividades exercidas durante a primeira fase cresceräo no decurso dos 5 primeiros anos (1984-1988), e diminuiräo nos anos subsequentes. Quando a segunda fase do programa for planificada, será adoptado um esquema similar de repartiçäo de recursos para os anos 89 a 93, que manterá, pelo menos durante os primeiros 3 ou 4 anos dessa fase (ou talvez aumente ligeiramente em termos reais), o desdobramento de recursos anual.

45. A conversäo destes números em estimativas orçamentais, segundo a prática empresarial, conduz a um investimento geral de cerca de 15 000 milhöes de ECUs no decurso da primeira fase quinquenal, o que corresponde, grosso-modo, a 6% do investimento total em I&D da indústria comunitária em TI, perfeitamente ao nível do investimento dos nossos concorrentes e dentro das nossas possibilidades. Na base de uma contribuiçäo média de 50%, a carga orçamental da Comunidade seria de 750 MECUs, incluindo as despesas de gestäo do programa e de acesso a e utilizaçäo do Sistema de Troca de Informaçöes.

QUADRO 1 PROGRAMA ESPRIT. RESUMO DOS RECURSOS

(Anos/Homem) ACTIVIDADES DA 1.ª FASE PROJECTOS 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 TOTAL PILOTOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 84-93 Proj iniciados ano 0 230 325 327 192 125 30 999 " " " 1 420 551 629 540 519 20 2679 " " " 2 547 766 670 545 140 2668 " " " 3 328 428 450 256 68 1530 " " " 4 204 276 180 85 45 790 " " " 5 92 140 125 105 80 60 602 TOTAL Anos/Homem 230 745 1425 1915 1967 1912 736 278 150 80 60 9268

SECÇÄO III: ACÇÖES PROPOSTAS Como se desenvolverá o programa ESPRIT? Acçöes propostas

1. Implementar "um impulso tecnológico" em toda a Comunidade, capaz de igualar, senäo ultrapassar, os nossos principais concorrentes durante os próximos 10 anos, representa um objectivo ambicioso que exigirá um esforço conjunto da amplitude referida na Secçäo precedente. O programa terá a dimensäo suficiente para mobilizar todos aqueles que, na Comunidade, poderäo prestar contributo válido às actividades de I&D e à exploraçäo dos respectivos resultados: as grandes e pequenas empresas industriais, os institutos de investigaçäo, as universidades, as pessoas. Só assim será possível obter a concentraçäo de recursos humanos e financeiros proporcional à grandeza do objectivo.

2. Nesta perspectiva, o ESPRIT afirma-se um programa que permitirá: a) Afectar os créditos necessários ao lançamento de projectos comunitários de I&D pre-competitiva industrial, no âmbito da estratégia tecnológica acordada, de nítido interesse e carácter comunitário directamente identificável. b) Estimular a consulta sistemática das administraçöes dos Estados Membros, dos meios universitários, industriais e da Comunidade, quanto à definiçäo, apreciaçäo e adaptaçäo das actividades de I&D directa ou indirectamente associadas aos trabalhos que integram o programa ESPRIT, com vista a garantir e assegurar uma utilizaçäo optimizada dos recursos de todos os que participam em actividades de TI na Comunidade. c) Dispor de infra-estruturas e instalaçöes administrativas necessárias à selecçäo rigorosa e à eficiente execuçäo dos programas, seu controlo e gestäo racional, e adequada difusäo dos resultados das acçöes efectuadas.

3. Devido ao carácter essencialmente industrial do programa, competirá prioritariamente à indústria a atribuiçäo dos créditos necessários; a participaçäo comunitária será indispensável à realizaçäo da concentraçäo pretendida, quanto a tempo e amplitude.

4. A definiçäo dos objectivos técnicos estratégicos será baseada no contributo prestado pela indústria, tendo em conta a prioridade dos interesses nacionais e comunitários, e será apoiada por uma análise sistemática dos sectores. Quanto aos projectos de I&D que deveräo beneficiar de apoio financeiro, o ESPRIT está concebido para garantir a melhor cobertura da gama seleccionada das tecnologias-chave, bem como de eventuais avanços ou desvios que possam conhecer.

5. Nesta perspectiva, entende-se que a I&D industrial repousa essencialmente em duas grandes classes de projectos:

5.1. Projectos apoiados em poderosas infra-estruturas e recursos - quer humanos, quer financeiros - o que pressupöe uma capacidade de substancial investimento na subsequente fase de aplicaçäo orientada de I&D. Para que tais actividades sejam proveitosamente concebidas e levadas a efeito, convém fixar uma estratégia clara e perdurável que garanta a continuidade e a amplitude de acçöes, e dispor da margem de mäo de obra necessária para daí retirar benefícios a longo prazo. Estas actividades de I&D "comandadas por sistema", a médio ou longo prazo, que seräo referidas no presente documento como projectos de tipo A, constituiräo a coluna vertebral do ESPRIT. A participaçäo no esforço global representada por este tipo de projecto deverá reflectir a contribuiçäo dos contratantes interessados em I&D básica, na área das tecnologias da informaçäo, na Comunidade.

5.2. Além desta, existe uma vasta segunda categoria de projectos que requerem financiamentos relativamente menores. Essas actividades, que passaräo a ser referidas como projectos de tipo B, väo da I&D especulativa a muito longo prazo, à I&D especificamente orientada a relativamente curto prazo. Estes projectos tendem geralmente a basear-se numa infra-estrutura flexível e no raciocínio individual, mais do que numa aproximaçäo por sistema, e deveräo representar uma parte importante do esforço global no quadro do ESPRIT.

6. Com vista a criar as condiçöes de desenvolvimento optimizado destes dois tipos de actividades, propöe-se agora que o programa ESPRIT, previsto para um período de dez anos, tenha uma fase inicial de cinco anos, tendo como regra uma actualizaçäo anual do programa detalhado de trabalhos e uma revisäo geral por etapa, no fim de dois anos e meio. Esta estrutura assegurará uma perspectiva a longo prazo quanto aos grandes projectos, certa flexibilidade dos menores e a possibilidade de alterar o seu rumo sempre que os resultados obtidos e a evoluçäo da tecnologia assim o aconselhem.

7. Para esse efeito, será necessário: estabelecer um ambiente de estreita consulta entre a Comissäo e os Estados Membros, e uma permanente vigilância do sector para prover à atempada identificaçäo dos objectivos e tendências da tecnologia; organizar a infra-estrutura administrativa, de modo a garantir a actualizaçäo dos programas de trabalho e a sua adaptaçäo às necessidades reais; apreciar rigorosa e objectivamente os trabalhos; gerir o contrato; coordenar os vários projectos e difundir os resultados.

8. Estas actividades seräo efectuadas pela Comissäo, com parecer do Comité de Gestäo e Coordenaçäo (CGC) estabelecido por decisäo do Conselho e cujos membros seräo designados pela Comissäo com o acordo dos Estados Membros. A composiçäo e as principais funçöes deste Comité encontram-se definidas no projecto de Decisäo do Conselho que institui este tipo de Comités, e foi objecto de uma recente proposta da Comissäo1.

Definiçäo Promenorizada e Actualizaçäo do Programa de Trabalho Operacional

9. A secçäo A do anexo técnico ao projecto de decisäo expöe as grandes linhas dos trabalhos de I&D propostos, assim como os principais modos de aproximaçäo e os objectivos que podem ser já definidos. A Comissäo considera que as indicaçöes dadas no referido anexo säo suficientemente claras e detalhadas para possibilitar a determinaçäo das grandes linhas do programa de trabalhos, determinar a respectiva amplitude e prever o seu impacto, relacionando-o com a situaçäo actual do ramo das TI na Europa e no mundo. Todavia, este programa näo é destinado a prover uma definiçäo e avaliaçäo concretas dos projectos de I&D.

10. Num sector täo mutável como o das TI, em que a duraçäo média de um produto é de três anos, seria ilusório e falacioso definir à partida as actividades detalhadas e fixar calendários exactos para os próximos cinco anos; um programa de trabalho significativo e operacional exige vigilância constante e deve ser revisto pelo menos uma vez por ano. É também de prever que se produzam certos acontecimentos que determinem a necessidade de rever determinadas acçöes a curto 1 COM (83) 143, de 16 de Março de 1983. Comunicaçäo da Comissäo ao Conselho sobre Estruturas e Procedimentos para uma Política Comum no campo da Ciência e da Tecnologia. prazo, em qualquer altura do ano. Para fazer face a esta realidade e a eventuais imprevistos, parece imprescindível dispor de um mecanismo mais leve do que uma decisäo do Conselho. Tal mecanismo deveria garantir o processo decisório permanente que a execuçäo do programa requer, e uma reacçäo rápida e eficaz quando a decisäo tem de ser imediata.

11. Por essa razäo se propöe que um programa de trabalho mais detalhado, necessário à realizaçäo quotidiana do programa, seja estabelecido e actualizado pela Comissäo após consultado o Comité de Gestäo e Coordenaçäo. Por regra, tal programa de trabalho será estabelecido de 12 em 12 meses e abrangerá as actividades detalhadas do primeiro ano2 e, com menor especificidade, as previstas para os anos subsequentes. Será apresentada uma minuta do programa ao Comité de Gestäo e Coordenaçäo, para análise e discussäo, três meses antes do período de doze meses a que o programa se refere, e, após aprovado, será adoptado, o mais tardar no decurso do primeiro mês desse mesmo período. Sempre que necessário, o programa será passível de ajustamentos ou alteraçöes parciais. Deste modo se obterá, no quadro do programa, um plano de trabalho evolutivo que permitirá ao ESPRIT manter-se actual e 2 "anos", para este efeito, significa o período de 12 meses a partir do primeiro mês de adopçäo do programa pelo Conselho. eficiente à luz da experiência directamente adquirida através da implementaçäo dos seus projectos, e em funçäo dos progressos da concorrência e da resposta prática dos principais intervenientes na Europa e no exterior.

12. A primeira minuta preliminar do referido programa de trabalho detalhado está a ser elaborada pela Comissäo, com a adequada consulta, e terá em conta a informaçäo actualizada resultante de uma série de estudos preparatórios (lançados no fim do ano anterior), devendo estar pronta em Junho de 1983. O projecto final deste programa de trabalho, que cobrirá os anos de 1984 a 1988, estará à disposiçäo em Setembro de 1983.

13. Para que o Comité de Gestäo e Coordenaçäo possa formular um parecer sobre o primeiro programa logo que o ESPRIT seja adoptado, foram estabelecidos contactos com as administraçöes dos Estados Membros, por intermédio do Comité de Altos Funcionários (CAF) constituído para os projectos-piloto; as consultas deveräo prosseguir até à definiçäo formal do programa.

14. Por outro lado, dado o carácter ambicioso dos objectivos perseguidos e a natureza complexa e evolutiva das suas metas técnicas, um programa como o ESPRIT exige revisäo e/ou alteraçäo das suas grandes linhas no decorrer dos anos. Por essa razäo, embora o programa deva durar dez anos, propöe-se agora uma primeira fase de cinco anos. Antes do termo do quarto ano de execuçäo dessa primeira fase, será preparada uma nova proposta para a segunda fase à luz da experiência e dos resultados obtidos até essa data. A decisäo de propor um programa de cinco anos no quadro de uma perspectiva de dez anos explica-se por várias razöes; de entre elas, as pincipais säo: - espera-se que o ESPRIT obtenha bons resultados a curto prazo, embora vise objectivos a médio e longo prazo que exigem garantia da sua continuidade para além dos referidos cinco anos, qualquer que seja o nível dos resultados, - o impacto do ESPRIT depende tanto da antecipaçäo e da aprendizagem da cooperaçäo em matéria de I&D como da excelência dos trabalhos de investigaçäo; daí resulta a necessidade de assegurar a continuidade do programa por período mais longo. Näo se optou pela possibilidade de propor imediatamente uma decisäo para um período de dez anos, porque é praticamente impossível estabelecer um programa pormenorizado, abrangendo período superior a cinco anos, respeitante a uma área em täo rápida evoluçäo.

Apoio Financeiro

15. Dada a dimensäo e os requisitos diferentes dos projectos (de tipos A e B) e, frequentemente, a natureza diversa dos trabalhos, e no sentido de obter a melhor contribuiçäo de todos os participantes, será necessário prever individualmente a inserçäo de cada projecto no âmbito do programa ESPRIT, tendo em conta a importância e a natureza do apoio e os critérios de elegibilidade.

16. No que respeita a projectos de carácter estratégico (tipo A), a Comissäo propöe que a contribuiçäo financeira da Comunidade atinja o nível de 50% a título de subsídio. Os restantes 50% deveräo, por regra, ser providos pela própria indústria. O grau de participaçäo da indústria permitirá avaliar a medida em que ela crê na vantagem de tais trabalhos. Assim, quando haja intervençäo financeira por parte de autoridades nacionais - considerando as diferentes formas de que se reveste o apoio dos governos à indústria - a Comissäo, examinará a situaçäo caso a caso, tendo em mente este princípio geral.

17. Os projectos menores (tipo B) levantam outros problemas. Como norma, a Comissäo considera que, mesmo para esses, a participaçäo comunitária deverá ser de 50%. Será no entanto possível admitir variantes, na linha dos exemplos seguintes: a) quando o pedido de apoio técnico provém de PMEs ou de outras empresas de limitados recursos financeiros, poderá excepcionalmente ser considerado um apoio financeiro comunitário superior a 50%. Em tais casos poderäo ser firmados acordos especiais quanto ao acesso aos resultados ou à sua exploraçäo. b) em casos raros, quando uma proposta de investigaçäo é apresentada por instituiçöes universitárias que näo podem garantir o concurso de um parceiro industrial ou de um investidor, em virtude de os trabalhos propostos serem demasiado avançados para que a indústria se associe nos seus primeiros estádios, a proposta poderá ser financiada a 100%, desde que a Comissäo considere que as características técnicas do trabalho säo de importância que justifique o financiamento do projecto, apesar da ausência de apoio industrial. Todavia, em tais casos seria conveniente encarar uma aproximaçäo por fases que permitisse lançar o projecto, com a condiçäo de a indústria tomar sobre si uma parte razoável do financiamento quando os trabalhos atingissem determinada fase que provasse a validade da decisäo adoptada.

Selecçäo de Projectos

18. Para serem admitidos, os projectos deveräo ser propostos por empresas ou organizaçöes sediadas na Comunidade e nela exercendo regularmente as suas actividades de I&D, e deveräo ser efectuados na Comunidade. Por norma, as propostas seräo submetidas à Comissäo em resposta a anúncio publicado no Jornal Oficial.

19. Além do valor técnico, todos os projectos seräo avaliados segundo os seguintes critérios principais: - contribuiçäo para a estratégia industrial, à luz dos objectivos do ESPRIT, - dimensäo comunitária, - capacidade técnica, científica e administrativa que permita efectuar o programa de trabalhos proposto, - medidas previstas quanto à acessibilidade e à exploraçäo dos resultados.

20. Dentro dos princípios gerais que precedem, säo contempladas as seguintes orientaçöes específicas relativamente aos diferentes elementos do processo de selecçäo de projectos:

20.1. Para os projectos de maior envergadura (tipo A), a participaçäo de pelo menos duas empresas, näo tendo entre si qualquer laço comercial e sediadas em Estados Membros diversos, consistirá condiçäo "sine qua non" de elegibilidade. Näo há qualquer restriçäo particular a pôr à forma de co-participaçäo, que pode ir desde a relaçäo contratante principal/sub-contratante até à criaçäo de uma empresa associada ("joint venture") que dure o tempo de um projecto específico.

20.2. Para projectos menores (tipo B), a participaçäo multinacional, embora näo obrigatória, será elemento decisivo de elegibilidade sem prejuízo do anteriormente exposto. Para salvaguardar a dimensäo comunitária, no caso de propostas que emanam de um só Estado Membro, será necessário tomar medidas adequadas a fim de assegurar a devida difusäo dos resultados da investigaçäo e a sua acessibilidade.

21. Seräo publicados anúncios relativamente a todos os projectos. As propostas apresentadas dentro dos prazos estipulados seräo examinadas em funçäo da sua qualidade própria, e a escolha será feita dentro dos limites do orçamento acordado.

22. Sem prejuízo do que antes foi exposto, os factores principais e determinantes para a atribuiçäo de créditos e para selecçäo de propostas de projectos seräo a qualidade técnica da proposta em geral e a possibilidade de o proponente fornecer os resultados: em caso de apresentaçäo de numerosos projectos de valor, a norma será apoiar financeiramente o melhor de entre eles, de preferência a diluir esse apoio distribuindo-o por vários projectos.

Gestäo do Programa

23. A responsabilidade geral da gestäo do programa incumbe à Comissäo. Os Estados Membros, os meios industriais e os universitários deveräo ser regularmente consultados para uma eficaz coordenaçäo das acçöes empreendidas. Os Estados Membros seräo consultados mediante um Comité de Gestäo e Coordenaçäo (CGC), cujos membros seräo designados pela Comissäo com o acordo dos governos dos Estados Membros.

24. Paralelamente a esta estrutura consultiva oficial, a Comissäo procederá a consultas à indústria e, se for caso disso, às instituiçöes universitárias e de investigaçäo. Essas consultas seräo organizadas de forma a permitir que as pequenas e grandes empresas de TI, assim como os utentes e as instituiçöes universitárias e de investigaçäo, formulem as suas opiniöes e apresentem as suas eventuais sugestöes à Comissäo sobre qualquer questäo importante relativa ao conteúdo, estrutura e execuçäo do programa. Para esse efeito, a Comissäo tenciona criar organismos consultivos industriais e científicos.

25. Além da tradicional fiscalizaçäo financeira e técnica dos contratos, a gestäo do projecto terá por objectivo assegurar: - que os projectos sejam submetidos e seleccionados em conformidade com os objectivos estratégicos acordados; - que os objectivos e os programas de trabalho sejam verificados e actualizados, a fim de manterem a sua validade estratégica; - que a todas as empresas qualificadas, institutos de investigaçäo e universidades se ofereça a oportunidade de contribuir, e que a utilizaçäo dos recursos científicos disponíveis seja optimizada; - que a coordenaçäo entre as diversas acçöes e os projectos de investigaçäo seja estabelecida e mantida; - que a informaçäo relativa às actividades em curso ou projectadas, bem como os respectivos resultados, sejam levados ao conhecimento de todos os seus potenciais beneficiários; - que a informaçäo referente a problemas de normalizaçäo seja devidamente considerada e difundida.

26. Será criado um organismo, dispondo de meios avançados de processamento de informaçäo, facilidades de comunicaçäo e de um núcleo de pessoal administrativo e científico, destinado a assegurar a continuidade das acçöes e a infra-estrutura básica. Esta infra-estrutura permitirá dispor a todo o momento de informaçöes relativas a todas as actividades em curso, completadas ou previstas, avaliar da eficácia das diversas medidas tomadas e atempadamente definir acçöes correctivas, sempre que se mostre necessário. A actualizaçäo de ficheiros e o acesso aos dados seräo possíveis através de uma conexäo com o sistema de troca de informaçäo, que será estabelecido para dar resposta à necessidade de comunicaçäo de todos os participantes do Projecto ESPRIT (cf. Secçäo II, parágrafos 28-37).

Difusäo de Informaçäo - Acesso aos Resultados e Respectiva Exploraçäo

27. O ESPRIT constitui um programa de investigaçäo pré-competitiva, o que significa que, por regra, os resultados näo podem ser aplicados imediatamente no comércio e exigem, normalmente, uma fase complementar de I&D além da que é coberta pelo programa, antes de obter produtos ou processos comerciáveis.

28. Por outro lado, uma justificaçäo fundamental do ESPRIT reside no efeito sinérgico que o programa exercerá ao concentrar uma "massa crítica" de trabalhos de investigaçäo com objectivos tecnológicos estratégicos. O programa é destinado a fornecer à indústria comunitária os utensílios tecnológicos que lhe permitiräo melhorar a sua competitividade no mercado mundial. Para esse fim, reveste-se de capital importância dispor de um adequado sistema de difusäo da informaçäo sobre os trabalhos projectados ou em curso, seus resultados e respectiva exploraçäo, que tenha em conta os diferentes tipos de informaçäo, os vários grupos a quem ela deverá ser prestada, e os interesses que os identificam. Ao nível dos cientistas directamente ligados à investigaçäo, a Comissäo prevê organizar ou promover seminários sobre temas de investigaçäo, no decorrer dos quais poderiam informalmente ser trocadas informaçöes sobre as tarefas em que estäo empenhados. Os participantes do projecto ESPRIT seräo convidados a colaborar activamente com a apresentaçäo das respectivas actividades e seus resultados. Observadores qualificados, provenientes de organismos que näo estejam envolvidos no projecto, do Projecto, mas que manifestem um interesse legítimo nesses encontros, poderäo ser convidados. Obter-se-á deste modo uma infra-estrutura concreta, que permitirá aos que trabalham neste tipo específico de investigaçäo, na Europa, estar em contacto e trocar impressöes sobre resultados obtidos. Assim se promoveräo as bases de uma cooperaçäo futura e uma real coordenaçäo de esforços.

29. æ parte esta soluçäo técnica mais específica dirigida aos próprios investigadores, será estabelecida uma infra-estrutura através da qual a informaçäo sistemática sobre os trabalhos em curso, e sobre os direitos de propriedade intelectual que deveräo ser declarados pelos contratantes, será recolhida e posta à disposiçäo, quer por meio de conferências especiais, quer através do Sistema de Troca de Informaçöes (STI) - estabelecido para satisfazer as necessidades de todos os participantes do programa. Para esses fins, e como norma, a Comissäo reserva-se o direito de publicar ou tornar conhecidos, livres de quaisquer encargos, relatórios adequados sobre os resultados do trabalho efectuado no âmbito do ESPRIT.

30. O acesso aos resultados e a sua exploraçäo económica levantam outras questöes. O Programa ESPRIT caracteriza-se pelo facto de: . a indústria financiar uma parte importante dos custos dos trabalhos; . os principais objectivos dos trabalhos só serem atingidos quando a indústria puder explorar os respectivos resultados de forma rentável; Estes condicionalismos existiam já quando os projectos-piloto do programa ESPRIT estavam em estudo e säo, em princípio, os mesmos que se aplicam aos outros projectos da Comunidade.

31. Estes projectos säo caracterizados pelo facto de a propriedade e o direito de exploraçäo de toda a informaçäo, bem como o direito de propriedade industrial resultante dos serviços prestados sob contrato (informaçäo adquirida) pertencer aos contratadores.

32. O pormenor dos acordos entre as partes contratantes deixa-se à iniciativa dos interessados, limitando-se a Comissäo a garantir o respeito pelas regras da concorrência. Qualquer que seja a natureza dos acordos firmados pelos contratantes, deveräo estes assegurar que cada participante de um mesmo projecto, durante toda a vigência deste e para cumprimento das funçöes que nele lhe incumbem, dispöe de acesso garantido e privilegiado aos resultados dos trabalhos de todos os participantes.

33. Para que as equipas participantes possam beneficiar do efeito sinérgico geral, que deverá ser favorecido pela Comunidade, cada equipa deverá ter acesso, em condiçöes privilegiadas, aos conhecimentos adquiridos por outra que trabalhe em projecto diferente dentro do quadro do ESPRIT, na medida em que essa informaçäo permita obter melhores ou mais rápidos resultados para o projecto em que está empenhada.

34. Além disso, a fim de promover a competitividade da indústria comunitária no seu conjunto, é necessário que as empresas industriais europeias que, sem terem participado em projectos específicos, estejam habilitadas a utilizar os respectivos resultados e desejem fazê-lo, tenham a oportunidade de adquirir esse direito mediante acordo, cujos termos seräo negociados em base comercial, tendo em conta as contribuiçöes das partes autoras dos resultados em questäo e da Comunidade.

35. Para esse efeito, se a parte autora a que se refere o parágrafo precedente näo desejar explorar os resultados da investigaçäo, no todo ou em parte, sem justificaçäo legítima, seräo tomadas providências adequadas que garantam à Comunidade o direito de lhe exigir a concessäo de direitos para explorar os resultados dos trabalhos, ou para continuar o trabalho de pesquisa.

Pessoal e Infra-estrutura

36. O ESPRIT constitui um programa com objectivos específicos determinados de forma cuidada e selectiva, e näo um "programa auxiliar". A Comissäo terá, pois, necessidade de pessoal qualificado suficiente para assegurar uma gestäo eficaz, responsável e transparente.

37. O programa geral foi concebido para uma duraçäo de dez anos, baseado numa decisäo inicial de cinco anos. Após um período de organizaçäo de três anos (incluindo a Fase Piloto), o número de pessoas a trabalhar nos Estados Membros, no quadro do ESPRIT, será de cerca de duas mil.

38. Conforme está previsto na Secçäo II, por razöes de organizaçäo distinguem-se cinco áreas de I&D e uma actividade de infra-estrutura. As actividades de I&D, que abrangeräo uma ou várias das referidas áreas, englobaräo: - um número relativamente reduzido de grandes projectos de orientaçäo estratégica, que exigem planificaçäo e coordenaçäo complexas; - um número nitidamente superior de pequenos projectos que, apesar da sua quantidade, näo requerem pessoal proporcionalmente mais numeroso, visto serem mais simplificados os processos de controlo e coordenaçäo de que carecem.

39. Por consequência, o pessoal afecto aos projectos pode ser discriminado como segue: a) coordenador principal ....................1 A b) sector de pessoal (planificaçäo do Orçamento)...............3 A c) coordenadores de sub-programas3...........6 A d) directores de projectos e de contrato3 para grandes projectos.........30 A e) directores de projectos e de contratos para pequenos projectos........24 A

40. O sucesso do programa ESPRIT dependerá igualmente da eficiência da actividade de infra-estrutura que exigirá pessoal especializado suplementar. A discriminaçäo do pessoal que se prevê é a seguinte: - controlo permanente do sector de TI e ajustamento dos objectivos do ESPRIT.......6 A 3 As funçöes de Director de Projecto e de Contrato englobam a supervisäo técnica dos projectos, avaliaçäo dos resultados e o exame de todas as questöes relativas à gestäo dos contratos. - difusäo de resultados, segundo as condiçöes acordadas........................6 A - apresentaçäo de relatórios ao Parlamento, ao Conselho e aos Estados Membros sobre o desenvolvimento dos trabalhos e os ajustamentos do programa....2 A - informaçäo e consulta da indústria, PMEs, grupos de utentes, sindicatos e público em geral........................5 A

41. De acordo com a presente estimativa, a equipa geral do ESPRIT necessita de 83 A. Dada a natureza do programa, todos os lugares ou a maior parte deles seräo temporários.

42. A organizaçäo e a gestäo do ESPRIT apoiada neste reduzido número de trabalhadores representa em si mesma um desafio, visto que: - a I&D na Comunidade deverá ser gerida de forma transparente e será objecto de relatórios claros e concisos; - a orientaçäo estratégica industrial exige grande flexibilidade, reacçäo rápida e rigorosa focagem sobre as tecnologias motrizes em progresso; - o sector de TI näo cessa de evoluir; - o ESPRIT caracteriza-se pela integraçäo horizontal e vertical da I&D nas empresas, centros de investigaçäo e utilizadores industriais; - o ESPRIT engloba temas estreitamente ligados, mas de matéria muito diversificada, que exigem uma aproximaçäo interdisciplinar; - o acesso aos resultados e respectiva difusäo seräo objecto de gestäo rápida mas prudente.

43. Os elementos que se seguem comprovam a afirmaçäo feita no parágrafo precedente: a) Outros programas da Comissäo comparáveis ao ESPRIT, quanto a dimensäo, mas näo quanto a complexidade e interdisciplinaridade, dispöem de um funcionário A por cada 0,5 a 5 MECU/ano. Na estimativa do ESPRIT, cada funcionário A é responsável por 20 MECUs no decurso do período previsto de dez anos, isto é, 2 MECUs por ano. b) Em toda a gestäo desta natureza, a afectaçäo de 10% do total do efectivo de investigaçäo à gerência e administraçäo das actividades de I&D afigura-se razoável. A estimativa acima representa menos de 5% do número de investigadores activos, depois de terminada a fase de organizaçäo.

44. Os números referidos nos parágrafos precedentes representam o mínimo necessário ao cumprimento de todas as tarefas essenciais da gestäo central, de uma forma que é compatível com as obrigaçöes institucionais associadas à execuçäo do ESPRIT e que é a mais indicada para contribuir para o êxito técnico do programa.

FICHA FINANCEIRA

1. Rúbrica Orçamental 7310 - Tecnologias de Informaçäo - Projecto ESPRIT

2. Base Jurídica - Artigo 235 - Resoluçäo do Conselho de 15 de Julho de 1974 " " " " 11 de Setembro de 1979 Decisäo do Conselho de 21 de Dezembro de 1982 - 82/878CEE

3. Descriçäo do Projecto O objectivo da acçäo proposta é promover a capacidade da indústria europeia das Tecnologias de Informaçäo de modo a torná-la competitiva em face da concorrência mundial. O Programa ESPRIT (European Strategic Programme for Research and Development in Information Tchnologies) deve constituir a peça-chave de uma estratégia destinada a desenvolver uma poderosa indústria comunitária das tecnologias de informaçäo. Com base na experiência adquirida em I&D efectuado em cooperaçäo, o programa principal tem por objectivo o desenvolvimento da base tecnológica pré-competitiva de uma indústria comunitária nas seguintes áreas: I - Micro-electrónica avançada II - Tecnologia do Suporte Lógico III - Processamento avançado de dados IV - Burótica V - Produçäo assistida por computador

4. Justificaçäo do Projecto As novas tecnologias de informaçäo (TI) podem ser consideradas como a principal fonte do progresso, durante o final da presente década. Para a economia europeia, baseada na indústria, as TI revestem-se de uma importância vital que torna indispensável à Comunidade adquirir capacidades próprias nas áreas-chave deste sector para estar à altura de concorrer com os Estados Unidos e com o Japäo, ou de com eles colaborar em igualdade. A exploraçäo do crescimento económico e dos benefícios potenciais das TI é de primordial importância para a Comunidade, particularmente no que se refere à utilizaçäo das nossas aquisiçöes tecnológicas, e aos recursos a longo e médio prazo relativos a I&D na área das tecnologias da informaçäo.

5. Incidência financeira do Projecto sobre os créditos de intervençäo (MECUs)

5.0. Incidência sobre as despesas

5.0.0. Custo total durante toda a duraçäo prevista - do orçamento das Comunidades 748 - das administraçöes nacionais 690 - de outros sectores a nível nacional Custo total:1 438

5.0.1. Escala plurianual Créditos de Compromisso 1984 1985 1986 1987 1988 1989 Total e ult. Pessoal 5.5 9.8 10.5 11.2 12.0 - 48.9 Admin. 1.5 1.6 1.7 1.8 2.0 - 8.6 Contratos 246.0 190.6 119.8 68.0 66.0 - 690.5 TOTAL 253.0 202.0 132.0 81.0 80.0 - 748.0 Créditos de Pagamento 1984 1985 1986 1987 1988 1989 Total e ult. Pessoal 5.5 9.8 10.5 11.2 12.0 - 48.9 Admin. 1.5 1.6 1.7 1.8 2.0 - 8.6 Contratos 41.0 88.6 129.8 147.0 157.0 127.0 690.5 TOTAL 48.0 100.0 142.0 160.0 171.0 127.0

5.0.2. Método de cálculo a. Despesas por Contratos Estas despesas cobrem a contribuiçäo financeira da Comunidade para as investigaçöes normalmente efectuadas, no âmbito de contratos de despesas partilhadas (investigaçäo e desenvolvimento para um total de 9268 homens/ano) a realizar com a indústria e institutos de investigaçäo dos Estados Membros especializados na matéria (participaçäo média da Comunidade de cerca de 50% do custo total). b. Despesas de Operaçäo Custos administrativos (comité de gestäo e reuniöes com brigadas de investigaçäo), consulta de peritos, missöes, distribuiçäo de documentos ou difusäo de técnicas, utilizaçäo de equipamento de processamento de dados).. c. Despesas com o Pessoal de Gestäo Os requisitos para este programa foram calculados na base de um efectivo de: i) em 1984 51 empregados temporários de categoria A 9 " " " " B 31 " " " " C ii) em 1985 e seguintes 83 empregados temporários de categoria A 17 " " " " B 50 " " " " C Os cálculos consideram as percentagens de aumento salarial praticadas pela Comissäo, nas estimativas dos créditos fixados no Orçamento para 1982, devendo aplicar-se, para os anos subsequentes, um aumento correspondente à taxa de evoluçäo do nível geral de preços na Comunidade, adoptada para determinaçäo das previsöes trienais, i.e., 7% por ano.

6. Incidência financeira sobre créditos referentes a pessoal e funcionamento corrente (Ver sub-ponto 5. acima, incluído no capítulo 73, da parte B do Orçamento).